Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam. Neste espaço, faz reflexões sobre saúde e qualidade de vida

Estudo mostra que microbioma é transmitido entre pessoas

A primeira transmissão é da mãe para o filho. Pesquisadores da Nature ainda demonstram troca de microbiomas entre irmãos e casais

Publicado em 26/10/2023 às 00h30

Todos nós herdamos nosso genoma de nossos pais, e ele permanece relativamente estável durante o resto de nossas vidas. As doenças que os seres humanos podem desenvolver dependem desta herança e do estilo de vida que escolhemos. Nos últimos anos, além da importância do ambiente e da herança genética, a ciência tem estudado com redobrado interesse o papel em nossa saúde de um outro componente ainda muito desconhecido que é representado pelas bactérias que nos habitam, o microbioma humano. As pessoas comuns associam bactérias às doenças, males a serem combatidos e tratados. No entanto, todos nós possuímos nossas células e... Bactérias!

Um ser humano normal carrega tantas ou mais bactérias do que células, na ordem de trilhões. A ciência estima que os animais em geral tenham desenvolvido a coexistência com micróbios “residentes” executando funções metabólicas por, pelo menos, 500 milhões de anos. O homem tem bactérias habitantes principalmente na pele, boca, nariz, estômago e, principalmente, intestinos delgado e grosso.

Novas linhas de pesquisa tentam determinar de que modo as alterações do microbioma humano podem influenciar em doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, doenças neurológicas e psiquiátricas, e inclusive em diferentes tipos de câncer. Até mesmo respostas a remédios e vacinas são influenciadas pelo microbioma.

A ciência nos traz informações curiosas. Um extenso trabalho publicado na revista Nature mostrou que nosso microbioma é transmitido de pessoa a pessoa. A primeira transmissão é da mãe para o filho. Ao final do primeiro ano de vida, um bebê compartilha em média 50% das bactérias do microbioma materno.

Em extensa pesquisa com dados metagenômicos de quase 10.000 pessoas em vários continentes, os pesquisadores da Nature demonstram troca de microbiomas entre irmãos e casais. Quanto mais tempo de intimidade vivida por casais ou parentes, mais eles “trocam” suas bactérias íntimas. Os cientistas desvendaram que a “troca” íntima de bactérias entre pessoas que vivem no mesmo ambiente é mais significativa com as bactérias do microbioma oral e do intestino.

O microbioma intestinal pode ser afetado pelo uso indevido de antibióticos e pelo uso excessivo de alimentos multiprocessados. Uma dieta rica em frutas, vegetais, tubérculos e alimentos da estação é boa para o microbioma “saudável”. Nossas escolhas afetam nossas bactérias do bem, o que não sabíamos é que afetam também o microbioma de nossos parceiros e de outras pessoas da família que vivem conosco. Uma alimentação equilibrada ajuda não só a sua saúde, mas também a saúde das pessoas que vivem com você.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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