Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam. Neste espaço, faz reflexões sobre saúde e qualidade de vida

Por que algumas pessoas adoecem o tempo todo

Um trabalho publicado por pesquisadores da Universidade do Texas traz luz ao senso comum de que algumas pessoas adoecem mais que outras

Publicado em 12/10/2023 às 00h30

É comum que as pessoas procurem médicos relatando ficar doentes a todo momento. "Doutor, eu gripo todo mês", alguns falam. Ou então dizem: "Eu pego uma infecção atrás da outra! Isto é possível?". Por outro lado, às vezes, ouvimos pessoas dizerem: "eu nunca fico doente, nunca gripei!".

Pois um trabalho publicado na Nature Communications em junho passado, por pesquisadores da Universidade do Texas, traz luz ao senso comum de que algumas pessoas adoecem mais que outras. De acordo com o professor Sunil Ahuja, existem alguns fatores básicos a considerar. Em primeiro lugar, como sabemos, a predisposição genética individual. Qualquer um pode herdar polimorfismos genéticos relacionados à imunidade com maior ou menor resistência ou suscetibilidade às infecções.

Depois, o ambiente ao que nos expomos. Profissionais de saúde, por exemplo, podem ser mais expostos a processos infecciosos, tais como professores que interagem com muitas crianças pequenas. Pediatras brincam afirmando que as crianças são pequenos terroristas biológicos, às vezes contaminando avós com os mais diversos germes. Sabemos que crianças com vacinação em dia tem avós com risco menor de pneumonias, por exemplo.

A novidade mais estudada e publicada pelo grupo da Universidade do Texas é o conhecimento de que há um fator muito importante, que também é geneticamente determinado: a variação da resposta individual ao estresse inflamatório. O melhor e mais indicado é que a resposta inflamatória a um determinado agressor seja na medida certa, no lugar certo e no tempo certo. Existem circunstâncias em que as pessoas podem inflamar em excesso ou em menor nível.

As pessoas que têm maior resiliência imune e menor inflamação vivem mais. As pessoas com menor resiliência imune e maior tendência a hiperinflamar vivem menos. A maior resiliência imune é a capacidade do ser humano de preservar e rapidamente restaurar as funções imunes, capazes de promover nossa imunocompetência frente a uma agressão qualquer. Existem pessoas que conseguem fazê-lo com mais agilidade e menos “agito”, menos inflamação. Estas pessoas se sairão melhor frente a desafios infecciosos e até mesmo a outras agressões como tumores e os riscos de metástases. Os pesquisadores notaram também que a resiliência imune é melhor nas mulheres. Talvez ajude a explicar por que vivem mais que os homens.

Os pesquisadores concluem, em entrevista a uma colunista do The New York Times que comenta seu estudo, que como não podemos interferir na genética que herdamos, o melhor a fazer é investir em atividade física, diária se possível, pois o ser humano não foi feito para viver sentado o tempo todo, e também em uma dieta equilibrada.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Saúde doenca medicina Pesquisa

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.