Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam. Neste espaço, faz reflexões sobre saúde e qualidade de vida

É possível prevenir a demência?

Dois trabalhos publicados recentemente na JAMA - Revista da Associação Médica Americana - trazem importantes pistas nesse sentido

Publicado em 14/09/2023 às 00h32

No mês passado, diversas reportagens trouxeram esperanças de novas drogas no tratamento do Alzheimer. Uma medicação com o nome de Leqembi, aprovada pela FDA, tem razoável ação no início da doença prevenindo perda cognitiva. De qualquer forma, existe um consenso entre os pesquisadores de que muito mais ainda podemos fazer na prevenção.

Em 2022, a OMS estimava que existiam 55 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo, com 10 milhões de novos casos a cada ano. Existem vários tipos de demência, sendo o Alzheimer um deles. Há um componente genético envolvido no maior risco de desenvolver demência, mas sabemos cada vez mais que o estilo de vida tem um enorme papel. A forma de viver vai ser determinante na qualidade de envelhecimento de nosso cérebro.

Dois trabalhos publicados recentemente na JAMA - Revista da Associação Médica Americana - trazem importantes pistas nesse sentido. Um deles acompanhou 10.318 australianos com idade media de 73,8 anos de 2010 a 2020. A conclusão do estudo é muito interessante. Ela mostra que enriquecer o estilo de vida, mesmo quando já idoso, tem papel importante na prevenção da demência.

O artigo elenca diversas ações que quando postas em prática de modo regular no cotidiano das pessoas têm influência positiva no envelhecimento. Em destaque estão atividades de leitura e escrita, tais como estudar coisas novas, até mesmo frequentando salas de aula, ou escrever e ler jornais.

Também idosos que se aventuram a decifrar o mundo da informática, como usar computador e tablets, escolheram atitudes bem proveitosas na proteção da memória. Atividades lúdicas que envolvem raciocínio como jogar cartas, xadrez, fazer quebra-cabeças e palavras cruzadas são atividades que estimulam a manutenção cognitiva.

Também pessoas que saem da zona de conforto, tentando executar coisas diferentes nas áreas artísticas como pintura, canto e até dança, desenvolvem atividades recomendadas, que têm impacto muito positivo na preservação da memória.

Idosos dançando: os desafios da longevidade
Idosos dançando. Crédito: Freepik

O segundo trabalho envolveu cidadãos chineses do distrito de Tianjin acima de 60 anos e demonstrou que dieta inadequada, sedentarismo, tabagismo e abuso de álcool são fatores se associaram a perda cognitiva com o passar do tempo. Publicações recentes também mostram o isolamento social como fator de risco para demência.

Assim, caro leitor, se ainda não o fez, nunca é tarde para enriquecer e variar seu estilo de vida. Procure atividades novas, mexa seu corpo, cante, dance ou exercite sua mente e corpo de novas formas. E não se esqueça dos amigos! Sua memória terá mais chances de ser preservada.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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