A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o adoçante aspartame como possível agente carcinogênico, o que significa que está na lista dos suspeitos, mas ainda sem confirmação de ação causadora de câncer em humanos. A Agência Internacional de pesquisa em Câncer (IARC) explicou que a decisão se baseou em evidências limitadas de câncer de fígado em estudos em roedores e em pessoas.
No entanto, o Comitê de Aditivos Alimentares da própria OMS divulgou que os limites de consumo de adoçantes em milhares de alimentos e bebidas seguirão inalterados. A FDA, poderosa e respeitada agência americana, discordou da OMS, achando a postura precipitada. Muitos amigos entraram em pânico: vão tomar o cafezinho sem adoçante? Voltar para o açúcar?
O aspartame é 200x mais doce que o açúcar e seu uso vem de 1974. Há mais de 40 anos foi estabelecido um limite diário de 40 mg/kg, equivalente a 10-14 latas diárias de refrigerantes dietéticos. Nos últimos anos, a IARC tem alertado sobre estudos mostrando algum risco de aspartame e câncer de fígado.
Um deles seguiu quase 500 mil participantes em 11 países europeus, por 12 anos. Um outro seguiu mais de 900 mil norte-americanos de 1982 a 2016, mostrando algum risco de adoçantes artificiais para câncer de pâncreas. Os estudos acendem um alerta, mas não estabelecem com segurança um nexo causal entre câncer e adoçantes.
Os adoçantes artificiais não estão somente no café adoçado ou nas bebidas dietéticas, ou “zero calorias”, mas em milhares de bolos, e vários tipos de alimentos muito processados. O alerta da OMS serve como uma orientação ou chamada (“call”) para novas pesquisas no campo, como também para alertar quanto ao uso indiscriminado de adoçantes.
Afinal, a mesma agência da OMS que reclassificou adoçantes artificiais também considera a carne vermelha como provável carcinogênico, o que representa um grau maior de evidência de relação com câncer. A maioria das pessoas segue consumindo carne vermelha (adoro um bife...), mas há tempos a ciência alerta que carne vermelha deve ser consumida com moderação. Também cuidado para não retornar ao uso indiscriminado do açúcar. Afinal, obesidade se associa a aumento de incidência de vários tipos de câncer. Mais saudável é uma alimentação na qual o adoçado seja a exceção e não a regra.
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