É empresário do setor imobiliário, membro do Conselho Superior da Ademi-ES, mestre em Change pelo Insead (França), professor convidado pela Fundação Dom Cabral e 24º brasileiro a atingir o cume do Everest.

O que as pessoas valorizam na hora de comprar ou alugar um imóvel?

Busca por mais funcionalidade e personalização dos espaços, tecnologia e sustentabilidade são algumas das tendências que devem ganhar mais força neste ano

Vitória
Publicado em 12/01/2022 às 02h00
Compra de imóveis
Mercado tem vivido mudanças no comportamento do consumidor na hora de escolher imóveis para morar ou investir. Crédito: Shutterstock

Na nossa última coluna falamos sobre o que podemos esperar para o mercado imobiliário em 2022 pela ótica da economia. Hoje, apresentaremos algumas tendências dos imóveis residenciais para este ano pela perspectiva das mudanças no comportamento do consumidor, ou seja, o que as pessoas desejam e valorizam na hora de comprar ou alugar um imóvel.

Recente matéria publicada no jornal Folha de São Paulo elenca algumas tendências que ganharam força com o isolamento social nos últimos dois anos e que possivelmente seguirão pautando os rumos dos negócios imobiliários. Destacaremos algumas delas:

Imóveis amplos, funcionais e personalizados

Imóveis maiores são mais desejados. Porém, mais do que o tamanho em si, a funcionalidade e personalização das áreas ganha relevância.

A volta ao trabalho e às aulas presenciais não eliminará a experiência obtida com o isolamento, mesmo porque estas atividades, em alguma medida, permanecerão híbridas. O home office tornou-se um item imprescindível, mas não só ele. Outros espaços que ofereçam uma melhor qualidade de vida para os moradores, privilegiando atividade física, descanso e lazer também são mais desejados. Estes espaços multiuso valorizam o imóvel.

Nos lançamentos de médio e alto padrão ocorridos na Grande Vitória em 2021, as primeiras unidades a serem vendidas foram as coberturas. Os apartamentos de primeiro andar, antes “patinhos feios” dos empreendimentos, também tiveram alta liquidez ao incorporarem uma área de laje, tornando-se o que o mercado passou a chamar de apartamentos “garden”. As pessoas, na medida do possível, querem estar ao ar livre.

Outro movimento que ganhou impulso e deve permanecer forte em 2022 são os condomínios de terrenos ou casas. A valorização desses imóveis durante a pandemia ultrapassou, em alguns casos, os 100%. Ao passarmos por esses condomínios, antes com baixa taxa de ocupação, ficamos impressionados com a quantidade de casas sendo construídas simultaneamente. Esta tendência verifica-se, também, nas cidades de praia e montanhas do Estado, onde a busca por uma segunda residência alavancou o mercado imobiliário dessas regiões.

Boa localização

Ora, a busca por uma boa localização não é nenhuma novidade no mercado imobiliário. A máxima “localização, localização, localização” para responder o que é importante na hora de se escolher um imóvel é antiga. Mas é importante atentarmos para a motivação que tem levado as pessoas a considerarem um imóvel bem localizado.

Se antes a boa localização estava relacionada prioritariamente a uma questão de valorização imobiliária e status, hoje, uma boa localização é aquela que atende às necessidades práticas da rotina do morador e que facilitem sua vida. Por exemplo, um imóvel próximo ao trabalho significa menos tempo no trânsito e mais tempo para fazer o que se gosta, menos estresse e mais lazer.

Assim, um imóvel bem localizado não é, necessariamente, aquele que se encontra nos bairros mais caros, pois, o que é bom para um  pode não ser bom para todos. Uma vez que necessidades básicas de comércio e serviços, infraestrutura de saneamento e opções elementares de mobilidade estejam assistidas, as questões que trazem uma melhor qualidade de vida variam de indivíduo para indivíduo, de família para família.

Essa mudança no comportamento do consumidor tem um poder transformador gigantesco na dinâmica do mercado imobiliário, com desdobramentos no mercado primário (lançamentos) – na medida em que novos bairros fora dos eixos tradicionais entram no radar das construtoras –; no mercado secundário (imóveis prontos ou usados), com a pulverização da demanda e consequente valorização dos imóveis existentes;  e mesmo nas cidades, com a requalificação de áreas degradadas ou empreendimentos de retrofit. As iniciativas de revitalização de áreas centrais nas grandes metrópoles como Rio e São Paulo, por exemplo, vêm ao encontro desta tendência. Iniciativas semelhantes, ainda que incipientes, começam a surgir também em Vitória.

Tecnologia e sustentabilidade

A tecnologia e a sustentabilidade já são uma realidade nos empreendimentos imobiliários, mas a intensidade e o impacto dessas novidades merecem um destaque especial.

Reutilização de água de chuva, coleta seletiva de lixo, iluminação de LED, fechaduras eletrônicas e ponto de recarga para carro elétrico são alguns exemplos de itens de tecnologia e sustentabilidade que foram incorporados aos empreendimentos em anos recentes, mas o que está por vir vai muito além disso.

A tecnologia 5G que chega ao Brasil neste ano revolucionará a maneira como interagimos e consumimos e os novos empreendimentos deverão estar preparados para atender as demandas que surgirão a partir destas transformações.

Já em relação à sustentabilidade, o consumidor não quer apenas itens para serem incorporados ao seu condomínio. Ele agora deseja saber como aquele empreendimento será construído e seus impactos socioambientais. A maneira como a construtora se relaciona com a sociedade, com a cidade e com os seus colaboradores influenciará na decisão de compra deste cliente. Parece distante, mas a nova geração já consome desta forma as roupas que vestem e a comida que come.

Na próxima coluna trataremos das tendências no segmento comercial e em como as mudanças na forma como as pessoas trabalham vêm revolucionando os novos empreendimentos.

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