Isabela Castello, administradora e designer, é apaixonada pelo universo criativo e pela natureza. Assina duas colunas. A VÃO LIVRE aborda conteúdos sobre arte, design, arquitetura e urbanismo. E a coluna TERRA trata de temas relacionados à sustentabilidade ambiental e ao consumo consciente. Seu propósito, com as colunas, é disseminar o bem e o belo.

Cresce o número de veganos e vegetarianos no Brasil

A última pesquisa Ibope sobre o assunto, realizada em 2018, aponta que cerca de 30 milhões de brasileiros são vegetarianos. O resultado indica um crescimento de 75% em relação a 2012

Publicado em 08/05/2022 às 02h02
Vegetariano
Vegetarianismo é o regime alimentar que reduz ou exclui os produtos de origem animal. Crédito: Freepik

VOCÊ SABIA QUE...


  • O Brasil é um dos países que mais consome carne. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país ocupa o 5º lugar no ranking mundial, com um consumo per capita médio de 78 kg por ano.
  • São abatidos mais de 10 mil animais terrestres por minuto no Brasil para produzir carnes, leite e ovos.
  • Os animais são seres sencientes, ou seja, capazes de sofrer e sentir prazer e felicidade.
  • Esses animais - frangos, porcos e bois – têm uma complexa capacidade cognitiva e sentem dor, sofrimento e alegria, assim como os nossos amados pets.
  • O consumo desses alimentos e outros produtos de origem animal é uma forma de compactuar com a exploração, o confinamento, o sofrimento e a morte prematura destes animais. 
  • Segundo a ONU, o setor pecuário é o maior responsável pela erosão de solos e contaminação de mananciais aquíferos do mundo.
  • A ONU também estimou que cerca de 14,5% das emissões de gases do efeito estufa oriundas de atividades humanas têm origem no setor pecuário.
  • A maior parte do desmatamento da Amazônia tem sua origem na produção de carnes, laticínios e ovos.
  • 97% do farelo de soja e 60% do milho produzidos globalmente são utilizados não para consumo humano, mas para virar ração para as fazendas e granjas industriais.
  • São consumidos de 2 a 10 quilos de proteína vegetal (por exemplo, soja) para produzir apenas 1 quilo de proteína de origem animal.
  • Mais de 1 bilhão de pessoas que passam fome no mundo. Se os alimentos vegetais fossem produzidos para alimentar as pessoas em vez de alimentar os animais (que alimentam as pessoas), a humanidade reduziria muito a fome no mundo.
  • O setor pecuário concentra a maior parte da mão-de-obra escrava rural brasileira. 
  • Diversos estudos científicos demonstram efeitos positivos para a saúde com o aumento do consumo de produtos de origem vegetal e restrição de produtos oriundos do reino animal.
  • De acordo com inúmeros estudos científicos, cada vez mais frequentes e publicados por instituições idôneas, o consumo de carnes está diretamente associado ao risco aumentado de doenças crônicas e degenerativas como diabetes, obesidade, hipertensão e alguns tipos de câncer. 

QUAL O NÚMERO DE VEGANOS E VEGETARIANOS NO BRASIL?

A última pesquisa Ibope sobre o assunto, realizada em 2018, aponta que cerca de 30 milhões de brasileiros são vegetarianos. O resultado indica um crescimento de 75% em relação a 2012, quando cerca de 8% da população se declarou adepta do vegetarianismo.

Na esteira do vegetarianismo, outra corrente vem ganhando força: o veganismo, que exclui por completo o consumo de qualquer componente de origem animal, em esferas que vão além da alimentação e incluem vestuário e cosméticos.

Vamos compreender melhor esses conceitos?

Vegetarianismo é o regime alimentar que reduz ou exclui os produtos de origem animal. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) reconhece variações de interpretação do termo por causa do dinamismo da linguagem. São eles

(a) Ovolactovegetarianismo: consome ovos, leite e laticínios.

(b) Lactovegetarianismo: consome leite e laticínios.

(c) Ovovegetarianismo: consome ovos.

(d) Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação (carne, peixe, porco, leites, ovos, laticínios, mel de abelha)

Desde sua fundação a SVB preconiza o vegetarianismo estrito.

O veganismo, segundo “The Vegan Society”, que criou o termo em 1944 no Reino Unido, é uma filosofia e estilo de vida que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra animais na alimentação, vestuário e qualquer outra finalidade e, por extensão, que promova o desenvolvimento e uso de alternativas livres de origem animal para benefício de humanos, animais e meio ambiente.

Você não precisa ser vegano ou vegetariano para incluir esses alimentos na sua rotina.

Se você nunca considerou essa mudança alimentar, e acha difícil adotar essa filosofia, comece com a Segunda Sem Carne, proposta para iniciar as pessoas em uma alimentação livre de proteínas animais, pelo menos um dia na semana. E depois, com o tempo, você pode ir aumentando essa prática, dentro das suas possibilidades e do seu tempo.

Lembre-se que qualquer redução no consumo de proteína de origem animal já é positiva para o meio-ambiente e para a sua saúde.

Você vai se surpreender, ao perceber que os pratos são, em geral, deliciosos, mais fáceis de preparar e mais econômicos. E que, ao invés de reduzir o seu repertório de pratos e alimentos, as pessoas experimentam uma ampliação e passam a conhecer novos sabores e receitas.

Se sua desculpa é “não tenho tempo”, “não sei cozinhar” ou “não é fácil encontrar produtos veganos”, listamos abaixo alguns fornecedores de delivery de alimentos veganos.

Eles divulgam seus produtos e cardápios pelo Instagram ou via WhatsApp. As entregas são feitas um dia da semana, na sua casa. A maioria deles faz entrega às sextas-feiras, na cidade de Vitória. Mas você pode consultar entregas em outras cidades também. Alguns deles tem parcerias com alguns comércios ou pontos de vendas.

O QUE PODEMOS FAZER...


  • Pesquisar mais sobre o assunto, visitar sites, ler artigos, assistir palestras on-line e documentários, para entender melhor a contribuição dessa indústria para o desequilíbrio ambiental e para a nossa saúde.
  • Não comer carnes e alimentos de origem animal como leites, queijos, manteiga, salsichas, ovos, albumina, mel, banha, corante cochonilha, gelatina etc.;
  • Ler os ingredientes dos alimentos industrializados, para verificar a composição deles, antes de consumir.
  • Não vestir roupas ou sapatos feitos de partes dos corpos de animais: couro, seda, lã etc.;
  • Evitar o consumo de cosméticos e medicamentos testados em animais ou que contenham componentes animais na formulação: sabonetes feitos de glicerina animal, maquiagem contendo cera de abelha, xampu com tutano de boi etc.;
  • Não apoiar diversões contendo exploração animal, como rodeio, circo com animais, rinhas etc.;
  • Profissionalmente, não trabalhar com exploração animal (vivo ou morto), como venda de animais em pet shop, lojas de aquário ou gaiolas para passarinhos, venda de qualquer produto que contenha derivado animal (p.ex. Bolsas e sapatos de couro), restaurante que utilize animais ou seus resíduos corporais como comida, dentre outras atividades.
  • Começar experimentando os novos sabores a base de vegetais e ir reduzindo gradualmente o consumo dos produtos de origem animal. Já existem muitas opções no mercado.
  • Se você é empresário, pesquise e fique atento ao crescimento desse mercado. As grandes marcas de alimentos já estão lançando produtos visando esse público. Quem começar a atender as demandas desses consumidores, terá grandes possibilidades de crescimento do seu negócio.

Recomendo fortemente que, mesmo não sendo vegetariano ou vegano, experimente essas delícias e abra as portas para um mundo com mais sabores, cores e texturas deliciosas no seu prato, mais saúde no seu corpo e mais sustentabilidade e bem-estar no planeta Terra.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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