Jornalista de A Gazeta há 10 anos, está à frente da editoria de Esportes desde 2016. Como colunista, traz os bastidores e as análises dos principais acontecimentos esportivos no Espírito Santo e no Brasil

Talibã no Afeganistão: esporte sofre e mulheres são as mais prejudicadas

Assim como vários setores do país, o esporte agoniza com o retorno do Talibã ao poder. Atletas olímpicos tiveram que fugir para manter atividades. Mulheres que ficaram estão proibidas de praticar qualquer modalidade

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 18/09/2021 às 02h00
Kimia Yousofi foi obrigada a sair do seu país para continuar praticando esporte
Kimia Yousofi foi obrigada a sair do seu país para continuar praticando esporte. Crédito: COI/Divulgação

Recentemente o mundo inteiro voltou seus olhos para as Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio. Mais do que ser sobre vencer e conquistar medalhas, os Jogos representam o esporte em sua essência: superação de limites, união dos povos e espírito olímpico. Mas essa mensagem, infelizmente não está entre as prioridades do Talibã, regime extremista que tomou o controle do Afeganistão no mês passado. Por isso, o esporte do país já sofre as consequências.

O esporte afegão, que por conta a mudança no governo ficou fora das Paralimpíadas, viu seus atletas olímpicos serem obrigados a fugir do país para conseguirem realizarsuas atividades. Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, esclareceu na semana passada que todos os cinco atletas do Afeganistão que disputaram os Jogos de Tóquio-2020 deixaram o país.  "Graças ao apoio da comunidade olímpica, que deram uma verdadeira mostra de solidariedade", afirmou Bach.

Classificado como "Direito fundamental para todos" pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o esporte será minado no Afeganistão. Restrito para os homens, a prática de qualquer modalidade agora estão proibidas para as mulheres. Segundo o porta-voz, o esporte feminino é desnecessário e pode "expor" as mulheres. 

"No críquete e em outros esportes, as mulheres não terão um código de vestimenta islâmico. É óbvio que elas serão expostas e não seguirão o código de vestimenta, e o Islã não permite isso. Não é necessário que elas joguem", afirmou Wasiq usando o críquete como exemplo e deixando bem claro como a corrente fundamentalista vai agir com mão de ferro em cima desta convicção. Segundo ele, as afegãs poderiam enfrentar situações em que o rosto e o corpo não estão cobertos. "É a era da mídia e haverá fotos e vídeos, pessoas assistirão", pontuou.

Kimia Yousofi foi a porta-bandeira da delegação olímpica do Afeganistão  em Tóquio, e pode ter se tornado a última mulher afegã a disputar uma edição dos Jogos Olímpicos, uma vez que sob o comando do Talibã, isso não mais se repetirá. Triste realidade em pleno Século XXI. Um verdadeiro retrocesso, e isso logo após o mundo presenciar o ápice da importância do esporte.  

E vale a pena lembrar que essa não é a primeira vez que o Talibã atravessa o esporte olímpico do país. O Afeganistão chegou a ser banido dos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, período em que o regime fundamentalista comandou o país. O COI proibiu qualquer representante da nação na competição por conta do tratamento que o grupo fundamentalista oferecia às mulheres, vetando-as da prática de qualquer esporte.

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