É publicitário e escreve sobre suas experiência em Portugal, com foco em consumo e sustentabilidade. Escreve quinzenalmente, às sextas-feiras

Plano de recuperação à moda portuguesa

A burocracia portuguesa é gigantesca. Mesmo com os recursos chegando aos poucos, o que daria tempo para um melhor planejamento e aprovação dos projetos, acaba não repercutindo de forma benéfica

Publicado em 17/12/2021 às 02h00
Lisboa
Bonde em Lisboa, Portugal: governo português espera colocar em marcha o maior e talvez último plano com recursos dos fundos europeus. Crédito: Pixabay

Mediante o impacto econômico da última onda da pandemia, Portugal se prepara para implementar o maior plano de recuperação econômica, o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência, chamado aqui em Portugal de “Bazuca europeia“. Apesar das medidas restritivas, por conta do estado de calamidade decretado pelo governo, para enfrentar o crescimento de casos de contágio pela quinta onda da Covid-19, o governo português espera colocar em marcha, já nos primeiros meses de 2022, o maior e talvez último plano com recursos dos fundos europeus.

Com a vacinação voltando aos padrões de um passado recente, com a aplicação da terceira dose avançando e o início da vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, é dado o momento de pensar na economia e retomar as obras de infraestrutura, saúde e educação, apoio às empresas e a dinamização das operações de créditos no setor bancário.

Entretanto, não será nada fácil. A burocracia portuguesa é gigantesca. Mesmo com os recursos chegando aos poucos, o que daria tempo para um melhor planejamento e aprovação dos projetos, acaba não repercutindo de forma benéfica, pois Portugal possui entraves culturais e heranças recentes da crise de 2008, que visivelmente ainda não foram superadas. A começar pela forma como o governo concebeu o PPR. Totalmente voltado para o setor público.

A maior parte dos 16,6 bilhões de euros do plano será destinada a diversos setores do governo e uma parte ínfima para as cidades e empresas portuguesas. É necessário fazer com que esses recursos cheguem aos cidadãos, favorecendo um investimento mais efetivo desse capital na vida das pessoas. Da forma como os projetos estão sendo aprovados, a população vai demorar muito tempo para perceber que a vida melhorou por conta disso.

O problema é que os governos muitas vezes são lentos, caros e ineficientes. Sem contar com uma dose generosa de corrupção. É importante lembrar que a Assembleia da República foi destituída em novembro, por conta da reprovação do orçamento do Estado e que as eleições estão marcadas para o dia 30 janeiro de 2022.

Outro ponto importante é que Portugal tem uma das maiores dívidas públicas da Europa e um dos mais baixos índices de recuperação do PIB da zona do Euro. Enfim, se tudo correr como o narrado, Portugal perderá uma grande chance de deslanchar a sua economia e melhorar a vida dos portugueses.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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