Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES) e Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do ES (Asbea-ES).

Adensamento e verticalização podem ser caminhos para cidades mais sustentáveis

Em vez de ocupar o terreno inteiro com construções baixas, a verticalização libera mais espaço no nível do solo para áreas verdes, praças, jardins e espaços de lazer

Vitória
Publicado em 28/08/2025 às 01h58
Atualizado em 28/08/2025 às 04h58
prédio verde, verticalização
A ideia de adensamento urbano tornou-se um consenso entre urbanistas e planejadores como uma estratégia-chave para a sustentabilidade. Crédito: Shutterstock

O surgimento do conceito de urbanismo sustentável marca um ponto de virada na forma como as cidades devem ser planejadas e construídas. Consolidado globalmente por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente o ODS 11, que visa tornar as cidades e os assentamentos humanos mais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, e pela Nova Agenda Urbana, o urbanismo sustentável busca soluções para os desafios ambientais e sociais do século XXI.

A ideia de adensamento urbano tornou-se um consenso entre urbanistas e planejadores como uma estratégia-chave para a sustentabilidade. Ao contrário da expansão do espraiamento (o sprawl), que gera dependência de automóveis, poluição e destruição de áreas naturais, o adensamento concentra pessoas e atividades em um espaço menor.

Suas principais vantagens são a eficiência de recursos — o adensamento torna a infraestrutura urbana (transporte, água, saneamento, energia) mais eficiente e economicamente viável —, a redução da pegada de carbono — com a proximidade de moradia, trabalho e serviços, as pessoas tendem a caminhar, pedalar ou usar transporte público, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.

Incluem ainda a vitalidade social — cidades mais densas podem ter uma vida pública mais rica, com maior interação social e um senso de comunidade mais forte —, e a preservação ambiental — ao concentrar o desenvolvimento, o adensamento preserva áreas verdes e de conservação nas periferias.

Para garantir que os novos projetos sigam os princípios do urbanismo sustentável, surgiram selos de certificação, tais como Aqua-HQE, BREEAM, CASBEE e o Selo Azul da Caixa Econômica Federal. Esses selos funcionam como guias e ferramentas de avaliação, reafirmando a importância de práticas como o adensamento para obter a pontuação necessária.

O LEED for Neighborhood Development (LEED ND) é um dos exemplos mais proeminentes, avaliando o desempenho de bairros inteiros. Ele recompensa projetos que promovem densidade e conectividade. O LEED ND usa referências de adensamento, como densidade residencial.

Projetos devem buscar uma densidade mínima de cerca de 10 unidades residenciais por 1.000 m² (de terreno) para pontuação mínima; 13 unidades por 1.000 m² para pontuação média e 19 unidades por 1.000 m² para pontuação máxima, incentivando comunidades compactas com edifícios de apartamentos.

Já a densidade não residencial utiliza o Floor Area Ratio (FAR), equivalente ao coeficiente de aproveitamento, que deve ser de 2,25 ou superior, indicando que a área construída deve ser significativamente maior que a do terreno, promovendo a verticalização e o uso eficiente do solo.

A verticalização, uma das formas de se obter adensamento, apresenta vantagens particulares em climas quentes como o da Grande Vitória. Um bom projeto pode trazer benefícios como melhora da ventilação — edifícios mais altos podem ser projetados para aproveitar os ventos predominantes em altitudes maiores, favorecendo a ventilação cruzada nos apartamentos.

Um projeto inteligente pode usar aberturas e varandas para canalizar o fluxo de ar, enquanto a ocupação de um lote por edifícios mais altos e esguios, em vez de vários blocos baixos e próximos, pode liberar mais espaço no nível da rua para circulação do ar.

Sombreamento estratégico: a altura e o posicionamento dos edifícios podem ser planejados para gerar sombra nas calçadas e praças em horários de pico de calor, tornando o ambiente externo mais agradável e caminhável.

Mais áreas verdes: em vez de ocupar o terreno inteiro com construções baixas, a verticalização libera mais espaço no nível do solo para áreas verdes, praças, jardins e espaços de lazer. Essas áreas não só melhoram a qualidade de vida, mas também contribuem para a redução das "ilhas de calor" urbanas, pois a vegetação ajuda a regular a temperatura local.

Eduardo Borges é diretor de Economia e Estatística do Sinduscon-ES
Eduardo Borges: "A verticalização, uma das formas de se obter adensamento, apresenta vantagens particulares em climas quentes como o da Grande Vitória". Crédito: Sinduscon-ES/Divulgação

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