Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

"Unir", de Sérgio Farias Trio, é de uma beleza contagiante

Das doze faixas, dez são de autoria exclusiva de Sérgio e duas com parceiros.  Ouvi-las é como maravilhar os ouvidos com canções que dão gosto de ouvir.

Publicado em 19/02/2022 às 08h00
Disco Unir, de Sergio Farias Trio
Disco Unir, de Sergio Farias Trio. Crédito: Divulgação

Antes de iniciar meu comentário, acho importante contextualizar o trabalho que tenho na mão. Vamos lá: não raro, sabemos de álbuns, instrumentais ou não, que muito embora gravados anos atrás só agora conseguem ser lançados. O resultado dessa sentença é a condenação ao anonimato e a discos guardados nas gavetas do esquecimento.

Bem, trataremos hoje do álbum "Unir", de Sérgio Farias Trio, integrado por Sérgio, pelo baixista Ricardo Feijão e pelo percussionista Julio Gonçalves. Gravado na França, com recursos próprios do compositor, arranjador, violonista e produtor musical Sérgio Faria em 2012 (eu disse 2012!), só hoje o álbum com repertório autoral vem à tona.

Além dos mundos musicais potiguar, carioca e paulistano, são muitos mais os que admiram o talento dele. De fato, ele é um grande músico. Suas harmonias e melodias trazem impressas a sua alma. Riquezas surpreendentes transitam por caminhos inéditos, trilhados sempre com requintada sabedoria.

Das doze faixas, dez são de autoria exclusiva de Sérgio e duas com parceiros: “Musicalidade” (com a artista Do Montebello) e “Folha Seca” (com o poeta Jorge Fernandes, um dos precursores da poesia moderna no Brasil). Como convidados, a cantora Do Montebello e o saxofonista Jean Charles Richard. "Unir" é o terceiro álbum de Sérgio Farias.

Dito isso, vamos aos sons: ouvi-los é como maravilhar os ouvidos com canções que dão gosto de ouvir.

Logo de cara, vem “Unir”, música que empresta o título ao CD e cuja melodia é de arrepiar os cabelos. O violão soa bonito. Compassos com linhas melódicas profundas e em profusão dão pinta do que virá na sequência. Logo se ouve o baixo a transitar delicado por entre as notas do violão. A beleza é contagiante.

O violão de Farias revela ter qualidade similar à dos grandes mestres do instrumento. Sem trastear, as cordas sentem-se livres para sentir a música. Chega o sax de Jean Charles Richa; vem devagarinho, dando apoio e sendo apoiado pelo violão e pelo baixo... meu Deus do céu, o que é aquilo?

Mas olha só, é inútil negar: harmonias e melodias lembram os melhores momentos das músicas de Guinga e Toninho Horta. O violão de Sérgio também traz à lembrança os dois mestres. Considero não haver reverência maior ao talento dele do que essas parecenças.

Mais para frente tem “Cantiga Praieira”. O violão soa. A suavidade de um mar sem tempestade se faz ouvir. O violão, a percussão e o baixo trazem o samba. Poderoso que só ele, o sax chega e, recém-chegado, já assume a janelinha do avião musical, e improvisa...

Caramba, como o seu improviso importa, meu Deus! Violão, baixo e percussão conduzem a cantiga pela beira do mar. Segue o improviso arrasador do sax. Logo o violão ampara o baixo, que improvisa em grandiosa amostra de seu som intenso.

E assim o CD de Sérgio Farias se cria e ganha asas e voa. Vai longe o Serginho! Voo e vou com ele, ouvindo a sua música contagiante, sentindo na alma que a outra alma é música

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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