Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

"Cant'duRio – Na onda de João 73" mostra o desafio de um coral

A ideia do trabalho é recriar com vozes as 10 músicas interpretadas por João Gilberto no "álbum branco", de 1973

Publicado em 11/01/2022 às 08h00
Coral Cant'duRio lança álbum em que entra na onda do disco editado por João Gilberto em 1973
Coral Cant'duRio lança álbum em que entra na onda do disco editado por João Gilberto em 1973. Crédito: Reprodução/Facebook/Coral Cant'duRio

Aqui vai o meu comentário sobre o recém-lançado CD "Cant'duRio – Na onda de João 73" (Mills Records): destaque para o maestro Paulo Malaguti Pauleira, responsável pelo coral Cant´duRio. Ao nomear seus integrantes, expresso meu respeito e minha admiração por vocalistas que cantam até a voz se aproximar da excelência. Ofício árduo, mas fascinante. Ei-los:

Sopranos: Ana Calvente, Carla Francalanci, Claudia Osorio, Dalny Cesar, Leila Menna Barreto, Maria Helena Salomon, Patricia Hessab, Silvia Carvalho, Valéria Motta. Contraltos: Alessandra Bax, Denise Reigada, Luna Messina, Marilene Castilho, Soraia Castrioto. Tenores: Bernardo Quadros, Flavio das Neves, Pedro Fernando, Rogério Medeiros e Rogério von Krüger. Baixos: Amilcar Wolff Starosta, Daniel Garcia, Dhenni Santos, Eduardo Lopes e José Lincoln Neves.

A ideia do trabalho é recriar com vozes as 10 músicas interpretadas por João Gilberto. Com seu jeito único de dividir frases melódicas em métricas insuspeitadas, gravado em 1973, o LP ficou conhecido como o “álbum branco” de João Gilberto.

O repertório é digno de um intérprete cujo violão, assim como seu canto, é fascinante. Por mais singela que seja a música que João cante, sua interpretação resultará sempre inimitável.

“Inimitável”? Mas como, se aqui está o álbum "Cant'duRio – Na onda de João 73", um trabalho que recompõe meticulosamente o canto e o violão criados pela genialidade de um intérprete que marcou uma geração?

Reconheço a falha e aplaudo o Cant'duRio e seu maestro multiplicador de cantares – eles sacudiram a música vocal brasileira. E saúdo-os pela busca desafiadora de cantar como cantou JG.

A tampa abre com “Águas de Março” (Tom Jobim), que não deixa dúvida de que ouviremos genialidades. “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso) tem a originalidade que Pauleira recorreu para cantar como João cantou.

“Avarandado” (Caetano Veloso): com a benção de JG, o Cant´duRio leva ao infinito a canção que o mestre cantou.

“Eu Vim da Bahia” (Gilberto Gil): o samba cantado por JG revive nas vozes do coral. “Undiú” (João Gilberto) é um baiãozinho espertão – a cantoria se esbalda.

“É Preciso Perdoar” (Alcivando Luz e Carlos Coqueijo) é um samba que o coral sabia que com ele JG dava show. “Valsa – Como São Lindos os Youguis” (João Gilberto), homenagem de JG à filha Bebel, é uma canção que o coral emociona e consagra.

“Falsa Baiana” (Dorival Caymmi) confirma a excelência do arranjo de Paulo Malaguti. “Izaura” (Roberto Roberti, Herivelto Martins) fecha a tampa.

Aclamo o maestro Paulo Malaguti Pauleira, enalteço os vocalistas do Cant'duRio e louvo o vocal que tem na união o seu propósito maior.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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