Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Robson Silvestrini, Vinícius Paes e João Bid tocam ao inesquecível Aldir Blanc

Trio de instrumentistas/compositores lançaram um CD que traz na capa o nome do homenageado: "Dá Licença, Aldir!"

Publicado em 12/04/2022 às 14h50
Projeto Dá Licença, Aldir
Projeto Dá Licença, Aldir. Crédito: Divulgação

Três instrumentistas/compositores se ajuntaram para fazer música, mas não com uma qualquer... Assim, ó: Robson Silvestrini, Vinícius Paes e João Bid queriam reverenciar Aldir Blanc e lançaram um CD que traz na capa o nome do homenageado: Dá Licença, Aldir! (independente).

Os versos espelham-se no inesquecível universo blancquiano. Ao assim fazer, demonstraram suas capacidades de criar não só versos, como também melodias e harmonias à lá Aldir Blanc.

Além de elogiar o talento de compositores, instrumentistas e arranjadores, que deram o seu melhor para o valor musical do tributo, cito, também, o bom trabalho de Júlio Paez. Não, porque assim, ó: suas mixagens e masterizações contribuíram para que o CD soasse com a cara do gênio: Aldir Blanc é eterno!

“Ménage a Trois” (Robson Silvestrini, Vinícius Paes e João Bid) tem o sabor dos versos entoados com a picardia que Aldir traz no sangue. Fala, Bid: “(...) Ménage a Trois soou bonito no ouvido de Wilson/ Pra sacanear um velho amigo, falou que era um culto (...)”.

“E Você Chegou” (Robson Silvestrini e João Bid) tem, mais uma vez, a percussão e o bandolim arrasando, assim como os versos de Bid: “Me preparei/ Para o dia em que você chegou/ Nosso quarto, decorei lilás/ No cobertor um coração/ Tricotei (...)”.

Em “Truco Amarrado” (Robson Silvestrini e Vinícius Paes), os versos de Paes soam regados pela verve de Aldir. Na intro e no intermezzo, o surdo soa bonito o trombone brilha e os versos vêm bem sacados... Aldir puro: “(...) Brava!/ Assim foi a ressaca que peguei/ Depois do pé na bunda grosso que tomei (...).

Em “E o Brasil Desafinado” (João Bid e Robson Silvestrini), os versos de Silvestrine dão pinta da ira sagrada de Aldir, e a sua disposição de combater o bom combate – sem negacionismos, nem invasão de terra dos povos indígenas: “A fome cresce e toma a rua/ Se mistura com a fila do hospital (...)”.

“Paçoca de Bar” (Robson Silvestrini e Vinícius Paez). Paez ironiza a abstinência forçada de Aldir: “(...) tá lá o poeta que parou de beber/ será que `inda sabe escrever (...)”.

“Vou Sair Dessa” (Robson Silvestrini e João Bid) fecha a tampa e, após um lindo canto introdutório, os versos de Bid vêm firmes: “(...) Quero iluminar a minha visão/ Voltar a enxergar/ Basta! Desta vida infeliz (...)”.

Do início ao fim, ouve-se lindos sambas em "Dá Licença, Aldir!". Pois o trabalho de Robson Silvestrini, Vinícius Paes e João Bid, seja nos sambas lentos ou nos agitados, é lá que mora o balanço.

Enquanto isso, bem lá do alto, no céu, seja sob uma mangueira, seja num boteco de rua, com cerveja gelada e torresmo, o samba exacerba cada um dos sentidos.

Objetivo alcançado, Aldir sorri feliz

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