Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Fábio Borges mostra que o futuro é hoje em "O Tempo"

No álbum, o músico acrescentou músicas em que canta amores delirantes e arrebatadores

Publicado em 09/11/2021 às 13h22
Disco
Disco "O Tempo", de Fábio Jorge. Crédito: Divulgação

Fábio Borges lançou o CD "O Tempo" (independente). Ao ouvi-lo, sinto que ele está ainda melhor do que quando gravou dois álbuns, em francês, e o nomeei “chansonnier do século 21”.

"O Tempo" tem consultoria artística de Thiago Marques Luiz, arranjos de base de Joan Barro, mixagem e masterização de Rovilson Pascoal. E ao novo CD ele acrescentou músicas em que canta amores delirantes e arrebatadores.

“O Tempo” (Reginaldo Bessa) abre com o piano de Alexandre Vianna embalando a emoção do cantor, cuja voz brota da profundeza da alma.

“La Mamma” (Robert Gall) é a única música cantada em francês, e Fábio deita e rola. O coração salta, a vida pulsa, o tempo passa e a música insiste em nos arrepiar. Joan Barros toca a intro com violão de náilon, que passeia pela música ibérica, abrindo espaço para homenagear a mamma de Fábio. Coisa que faz de forma notável, como se fizesse uma oração.

“Cuide-se Bem” (Guilherme Arantes) vem com violões de aço tocados por Joan Barros e com o teclado Wurlitzer nas mãos certeiras de Alexandre Vianna. Ali Fábio revela seu nome inteiro: Fábio Emoção Jorge Sentimento.

“A Paz” (João Donato e Gilberto Gil) é a hora de Joan Barros, o múltiplo instrumentista, tocar violão de sete cordas, baixo, surdo e pratos. Tranquilo, o violão toca a intro. FJ canta delicadamente, como se sua voz viesse com o ar que envolve o canto saído da sua garganta. Um grande intérprete!

“Pra Fazer o Sol Adormecer” (Gonzaguinha). Como se sabe que em time que está ganhando não se mexe, novamente Joan Barros toca violão de sete cordas, baixo, surdo, cajón e pratos. E o samba come solto.

“Porta Estandarte” (Geraldo Vandré). Aqui FJ conta com o adorável cantar de Consuelo de Paula. Com a dupla, está Joan Barros (violões de aço e náilon, caixa, cowbell, congas, surdo e pratos). Com seu canto libertário ao amor, FJ explicita sua força tão atinada quanto autêntica.

“Tá Escrito” é um belo samba lento de Xande de Pilares, Gilson Benini e Carlinhos Madureira. A levada de FJ exala sinceridade. Cada acorde lembra que o tempo é o senhor da vida e que todo tempo traz o canto do amor que frutifica. Lindo tempo feito de momentos infinitos. Meu Deus!

“Nosso Fim, Nosso Começo” (Guilherme Arantes) é o tempo de ouvir a voz e o piano, que, juntos, vêm do dia e vêm da noite. Mais uma vez, o piano reflete o amanhecer de um dia atormentado do tempo presente. A voz de FJ ressoa com leve e charmoso vibrato. A noite vem, mas fica o tempo, pois ali é a hora sagrada em que os músicos se entregam à revelação mágica de mínimas e semínimas.

“Canção do Medo” (Gianfrancesco Guarnieri e Toquinho) tem violões, djembes e pratos nas mãos firmes de Joan Barros, a guitarra de Rovilson Pascoal e o bandonéon de Thadeu Romano. A música leva Fábio Jorge pela mão, incitando-o a rever tempos tristes, malsãos. E ele sente que, passada a tragédia, virá um novo tempo, trazendo esperança no brilho da luz da manhã. E aí o seu cantar saca: mesmo num tempo ruim, o sol aquece.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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