Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

"Cantando em Bando" reúne o coral, o maestro e o compositor

Disco traz arranjos de Pablo Trindade e Celso Viáfora, que soma sua voz às do Expresso 25

Publicado em 25/08/2020 às 18h16
Atualizado em 25/08/2020 às 18h16
Pablo Trindade, Celso Viáfora e o coral Expresso 25 em apresentação no auditório Ibirapuera
Pablo Trindade, Celso Viáfora e o coral Expresso 25 em apresentação no auditório Ibirapuera. Crédito: Reprodução/YouTube

Tenho comigo uma preciosidade, o CD "Cantando em Bando" (encontrado nas plataformas digitais). Sobre ele me debrucei avidamente. Imaginem se não é de encher os olhos o Expresso 25, um coral com 25 vozes aptas a bem vocalizar, além de um maestro experiente e um compositor brilhante?

O CD "Cantando em Bando" tem onze arranjos vocais e instrumentais de Pablo Trindade e um de Celso Viáfora. Arranjos que engrandecem as músicas do compositor (três delas em parceria com Vicente Barreto e uma com Ivan Lins). E tome de contrapontos, uníssonos, vocalizações, instrumentações, cânones e afinação impecáveis... meu Deus!

Louvo os gaúchos do Expresso 25, que brilham em variações vocais que, atendendo aos arranjos, exigem o máximo de cada um. O que resulta num “milagre”: a soma de cada voz valoriza os vocais... e cada vocalista tem importância vital no resultado final dos arranjos. (Ao fazer tal afirmação, lembro-me do Magro, que dizia que o canto coral é um exemplo de solidariedade.)

Louvo o maestro Pablo Trindade, ele que dá ao grupo o sentido do canto coral, com atenção máxima a dinâmicas, uníssonos e vocalizações. Dentre outros afazeres musicais, o maestro Trindade é regente e diretor artístico do grupo Expresso 25 desde 1996.

Louvo-o por sentir que ele divide com os vocalistas o conhecimento que tem de seu ofício. E que é através dessa sabedoria que aponta aos cantores o que têm de melhor. Provavelmente, os músicos com quem trabalha compartilham os seus saberes.

Louvo os “de vocal”, eles que abrem a tampa com “Cantando em Bando” a capella – recurso que é a essência do canto coral, em que as vozes se revelam ainda mais sublimes – e reforçando os versos “(...) Cantar em bando/ E ir se ouvindo/ Se descobrindo/ Harmonizando/ É muito lindo/ Tanto coração cantando igual”.

A seguir, dividem com Viáfora o canto em onze das doze músicas, dando-lhe a honra de fechar a tampa, o que ele faz apenas com o violão, dando novos ares à música cantada pelo Expresso 25 abrindo o álbum.

Louvo o compositor que tem doze de suas músicas reverenciadas – todas de um rigor poético primordial, enquanto melodias e harmonias vêm como frutos da dedicação à sua concepção. Outra coisa, a emissão de sua voz melhorou muito, ou seja, Celso Viáfora está cantando melhor do que sempre.

Sobre ele eu já escrevi tempos atrás: “Tivesse Viáfora começado a fazer música no início dos anos 60, hoje ele ocuparia no coração dos brasileiros o mesmo nível de admiração que os maiores compositores surgidos naquele período tão fértil da música brasileira atingiram (...)”.

O suingue de “A Cara do Brasil” (Viáfora e Vicente Barreto) – ela continua me emocionando –, tem arranjo e piano de Trindade, contrabaixo acústico de Sizão Machado, batera de Ricardo Arenhaldt e violão de Viáfora, ele que divide o canto com o Expresso.

Ao expor a beleza do que fazem, cada faixa é um presente para o futuro, com a música brasileira revelando a riqueza de sua diversidade.

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