É pós-doutor em Ciência Política pela The London School of Economics and Political Science. Neste espaço, aos sábados, traz reflexões sobre a política e a economia e aponta os possíveis caminhos para avanços possíveis nessas áreas

As incógnitas das eleições de 2026 no Espírito Santo e no Brasil

Alianças incertas, tensões internas e lideranças em dúvida tornam o tabuleiro político um enigma em constante mutação no Espírito Santo e no Brasil

Publicado em 25/10/2025 às 03h30

As eleições de 2026 no Espírito Santo e no Brasil se configuram cada vez mais como equações com muitas variáveis e incógnitas, respectivamente.

São consequências das tensões e contradições geradas pela enorme antecipação – aqui e lá – do ciclo eleitoral de 2026. 

No Espírito Santo, as variáveis são a composição do grupo político liderado pelo governador Renato Casagrande e, também, a composição do grupo político liderado pelo prefeito Lorenzo Pazolini. Ambos com incógnitas com efeitos pertinentes estruturais.

Urna eletrônica, Eleições
Urna eletrônica: "É enorme a tendência de alienação eleitoral em 2026 (brancos, nulos e abstenções)". Crédito: Divulgação

Do lado do grupo político do governador, hoje a principal incógnita é a trajetória do prefeito Arnaldinho Borgo, que mantém a intenção explícita de uma candidatura a governador, competindo com o vice-governador Ricardo Ferraço. Tensão política.

Do lado do grupo político – em formação – do prefeito Pazolini, hoje a principal incógnita é o “fator Paulo Hartung”. Isto é, embora Hartung tenha declarado que não será candidato a nada, permanece a expectativa política de que ele, na verdade, poderá decidir na undécima hora disputar a segunda vaga para o Senado da República. Fontes nacionais dizem que esta seria a preferência de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD – ao qual Hartung se filiou. Tensão política.

São duas incógnitas com efeitos reais no tabuleiro político. Serão decifradas até as convenções partidárias?

Outra incógnita é a movimentação do deputado federal Josias Da Vitória, que ainda emite sinais contraditórios, com o desejo de uma candidatura majoritária ao Senado da República. Da Vitória dialoga tanto como grupo do governador, quanto com o grupo de Pazolini. Tensão Política.

Com relevantes valores determinados, as incógnitas interferem na conformação das variáveis – (para fazer aqui uma analogia simbólica com as equações com muitas variáveis).

Já no caso do Brasil, a direita do espectro político se dividiu na largada e gerou a incógnita Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Ele vai ser candidato a presidência da República ou vai para a reeleição? Fontes nacionais apostam que ele recuou taticamente da candidatura presidencial, mas vai retomar se e quando o seu líder Jair Bolsonaro vier a cumprir sua pena de prisão – talvez já em novembro ou dezembro.

Aqui, também, a incógnita política com Tarcísio interfere de forma estrutural na fragmentação e consequente fragilidade do campo de direita.

Enquanto isto, a fragilidade conjuntural da direita tem fortalecido a liderança do presidente Lula no campo da esquerda.

Lula se declara candidato, mas se afasta do Centro do espectro político. E cria a seguinte dúvida socrática: ele trabalha mais pelo fortalecimento do PT e do seu legado ou pela viabilidade da sua candidatura presidencial? 

Essa viabilidade é, hoje, ainda duvidosa. São pelo menos três fatos que geram a dúvida.

Primeiro, o fato de que recente pesquisa da Quaest mostrou que 54% dos brasileiros preferem uma liderança de Centro do espectro político. Segundo, o fato de que a avaliação do governo Lula III ainda é baixa. E terceiro o fato de que em torno de 60% do eleitorado julga que Lula não deveria se candidatar por uma quarta vez. Fadiga de material.

São e ainda serão, digamos, muitas emoções. E tensões. Com um fato novo. Trata-se do prenúncio da fragmentação do Centro político, com o seu afastamento da base do governo Lula. O MDB, por exemplo, está em movimento de afastamento, na medida em que Lula cada vez mais vira para a esquerda.

Realmente, a Política não é mesmo uma equação matemática e uma jornada cartesiana.

Assim, por ora, a conclusão realista de sempre parece ser oportuna: muita água ainda vai passar debaixo da ponte.

Mas tem uma variável decisiva nas expectativas para 2026. São altas as rejeições dos políticos e de muitos candidatos. E é enorme a tendência de alienação eleitoral em 2026 (brancos, nulos e abstenções). No Brasil e no Espírito Santo.

Diria Garrincha que é preciso “combinar com o beque”, Sua Excelência o Eleitor. A maioria está no Centro do espectro político.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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