No dicionário, pocar é estourar como pipoca, pipocar, bater com força. No Espírito Santo, o verbo começou a ser usado pela população, no início do século XX, no sentido de espocar, que significa fazer barulho. E, com o tempo, os capixabas criaram um novo sentido para a palavra: arrebentar. Virou a gíria queridinha do Espírito Santo. Patrimônio imaterial, falada incontáveis vezes durante o dia. Porém, com o passar do tempo, parece que os dias de glória estão chegando ao fim. O pocar está caindo em desuso.
Lacrou, pisa menos, ri alto, trollar, shippar. São muitas as gírias novas que surgiram, e o pocar foi perdendo o seu espaço. O pocar ainda está sendo falado, mas praticamente reduzido a espocar (estourar). Antes era: o cara pocou na prova. Hoje, virou lacrou na prova, que é bem novinho, explica o historiador Paulo Vilaça.
Ele diz que a função da gíria regional está sendo roubada pelas novidades na comunicação, proporcionada pela internet. Mas tranquiliza: o pocar não vai ser esquecido.
"O pocar vai permanecer com seu sentido de estourar alguma coisa. No que é mais amplo, no sentido figurado, ele está deixando de ter função. Está perdendo espaço para outras expressões, afirma Vilaça.
Para tirar a dúvida, fomos às ruas conferir se as gírias antigas estão mesmo caindo no esquecimento, Veja o resultado no vídeo abaixo:
DE ONDE VEM O POCAR?
Eu Poco
Tu Pocas
Ele Poca
Nós Pocamos
Vós Pocais
Eles Pocam
O pocar é um gíria regional do Espírito Santo. Sua origem vem da palavra espocar, que significa fazer barulho. Segundo Paulo Vilaça, a gíria começou a ser usada, no início do século XX, quando a ilha de Vitória teve um crescimento na direção dos morros.
Vitória tem muita pedra, e teve um profissão que agora praticamente não existe, chamada cavouqueiro, que era a pessoa encarregada de dinamitar pedras. Todo mundo precisava fazer isso. Então era uma coisa muito normal em 1910. Tiveram que pocar muitas pedras e contratar muitos cavouqueiros pela cidade. Foi a partir daí que o capixaba passou a falar e novos sentidos a palavra, explica o historiador.
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