Publicado em 30 de junho de 2020 às 11:54
A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (30) mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC). >
A ação faz parte da Operação Sangria, que investiga desvio de recursos federais usados no combate à epidemia do novo coronavírus.>
Além da residência de Lima e da sede de governo, a PF cumpre outros 18 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária.>
Entre os presos está a secretária de Saúde, Simone Papaiz. Ela, no entanto, assumiu o cargo em 8 de abril, após a negociação do contrato sob investigação. Ex-secretária de Saúde de Bertioga (SP), ela entrou no governo pouco antes do pico da epidemia no Amazonas.>
>
Ele é o terceiro governador sob investigação por suspeita de corrupção no uso de verbas para o combate da Covid-19. Wilson Witzel (PSC-RJ) e Helder Barbalho (MDB-PA) já foram alvo de ações semelhantes.>
O principal foco da investigação é a compra de 24 respiradores de uma empresa importadora de vinho. Segundo perícia da PF, houve um sobrepreço de 133,67% em relação ao preço de mercado. O valor suspeito de desvio é de até R$ 2,2 milhões.>
"Evidenciou-se o direcionamento da compra para empresa cuja atividade era/é a comercialização de vinhos. Os ventiladores mecânicos hospitalares entregues ao estado do Amazonas, pela referida empresa, não possuíam as especificidades técnicas necessárias para a adequada utilização no tratamento médico", afirma a PF em nota.>
Em nota, o governador do Amazonas afirmou que "aguarda o desenrolar e informações mais detalhadas da operação". "O governador Wilson Lima, que estava em Brasília para cumprir agenda de trabalho, está retornando para Manaus.">
A operação foi batizada "Sangria" em alusão à importadora de vinhos suspeita de ter participado do desvio.>
No início do mês, governador paraense, Helder Barbalho (MDB) também foi alvo de operação da Polícia Federal que apura fraudes na compra de respiradores pulmonares.>
Foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão no Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).>
O relator do caso no STJ, ministro Francisco Falcão, decretou a indisponibilidade de bens, valores, dinheiro e ativos no montante de R$ 25,2 milhões de Barbalho e de outros oito investigados, sete pessoas físicas e uma empresa.>
A PF apreendeu cerca de R$ 750 mil na casa de Peter Cassol, secretário-adjunto de Gestão Administrativa na Secretaria de Saúde do Pará e um dos investigados no inquérito que apura fraudes na compra de ventiladores. O dinheiro estava guardado em uma caixa térmica, embalado em papel de jornal. Pela manhã, antes de conceder entrevista coletiva sobre o caso, o governador Helder Barbalho exonerou Cassol.>
Também no início do mês, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu abrir um processo de impeachment contra o governador do estado, Wilson Witzel (PSC).>
No fim de maio, a Operação Placebo, da Polícia Federal, disse ter reunido provas indicando que Witzel está no topo de uma organização que fraudou o orçamento até das caixas d'água de hospitais de campanha no Rio.>
Dados da investigação, enviados pelo Ministério Público Federal no Rio ao STJ, afirmam que Witzel "tinha o comando" das ações para, supostamente, lesar a gestão das unidades de saúde.>
Para isso, seria auxiliado por sua mulher, Helena Witzel, e pelo ex-secretário de Estado da Saúde Edmar Santos, que delegou algumas atribuições a subordinados sob investigação.>
Segundo o inquérito, que tramita em sigilo, houve ilegalidades no processo de contratação da organização social Iabas para administrar os hospitais provisórios. Para isso, diz a investigação, foram fraudados os valores dos orçamentos de diversos itens do atendimento a vítimas da Covid-19.>
Em 26 de maio, a Polícia Federal cumpriu ordens de busca e apreensão em endereços de Witzel, incluindo os palácios das Laranjeiras e da Guanabara, da mulher dele e de servidores da Saúde no estado.>
"Afirmam [os investigadores] que as provas coletadas até este momento indicam que, no núcleo do Poder Executivo do estado do Rio, foi criada uma estrutura hierárquica, devidamente escalonada a partir do governador, que propiciou as contratações sobre as quais pesam fortes indícios de fraudes", prosseguiu o ministro.>
Em seguida, ele acrescenta: "Para tanto, Wilson Witzel mantinha o comando das ações [auxiliado por Helena Witzel]".>
Na decisão, Gonçalves afirmou que o compartilhamento de provas provenientes da Justiça Federal no Rio demonstrou "vínculo bastante estreito e suspeito entre a primeira dama do Rio" e as empresas de Mário Peixoto, empresário beneficiado com contratos no governo fluminense.>
Ele cita contrato de prestação de serviços entre o escritório de advocacia de Helena Witzel e a DPAD Serviços e Diagnóstico, bem como comprovante de transferência de renda entre as duas empresas.>
No email de Alexandre Duarte, apontado como operador de Peixoto, a polícia também encontrou um comprovante de pagamento à esposa de Witzel, afirma o ministro. Gonçalves afirmou que as ações são necessárias em busca de provas e ressaltou a dificuldade de investigar pessoas que conhecem o funcionamento da Justiça.>
Witzel é ex-juiz de carreira e deixou a profissão para se candidatar ao Executivo fluminense.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta