> >
Reportagem do ESTV usada para espalhar informação falsa sobre Haddad

Reportagem do ESTV usada para espalhar informação falsa sobre Haddad

Com o vídeo, está sendo compartilhado um texto com informações não verdadeiras a respeito da atuação do petista no MEC

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 00:14

Uma reportagem de 2017, do ESTV, jornal da TV Gazeta, está sendo compartilhada nas redes sociais com um texto que apresenta informação falsa sobre o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad. A mensagem diz que o petista disponibilizou para crianças um livro que trata do tema incesto durante a gestão dele no Ministério da Educação (MEC). O exemplar "Enquanto o sono não vem" foi selecionado pelo órgão em 2014, período em que Henrique Paim comandava o ministério. Neste período, Haddad era prefeito de São Paulo.

A reportagem realmente foi exibia pela TV Gazeta, em junho de 2017. A notícia relata que o livro foi retirado de escolas por prefeituras do Espírito Santo após diversos professores e pais não concordarem com a história. Mas o texto que acompanha o vídeo, disseminado principalmente por meio do WhatsApp, tem informação falsa sobre o candidato do PT. 

As informações foram checadas pelo projeto Comprova, coalizão que reúne 24 veículos de imprensa do Brasil para combater a desinformação na eleição presidencial. Esta verificação foi desenvolvida por uma equipe com jornalistas do Poder360 e da BandnewsFM. Em seguida, passou pelo "crosscheck" de profissionais do Gazeta Online, Estadão, O Povo, Correio do Povo e UOL.

Livro infantil que trata de incesto não foi distribuído pelo MEC na gestão Haddad Crédito: Reprodução

A obra reúne textos de diferentes gêneros de tradição oral popular. O romance – neste caso, refere-se a um gênero literário específico, ou seja, uma composição poética popular com origem na tradição oral – "A triste história de Eredegalda" conta a história de um rei que sugere a ideia de se casar com uma de suas filhas, que acaba morrendo no fim da história.

Na época da polêmica, o livro foi avaliado por uma equipe composta por doutores e mestres especialistas do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em nota, o Ceale afirmou que "o fato de uma obra tematizar incesto, como é o caso de 'A triste história de Eredegalda', não quer dizer que faça apologia do incesto". Segundo o órgão, o conto tematiza e condena o estupro "ao expor o drama e o sacrifício daquela que poderia ter sido sua vítima".

Após a polêmica, o então ministro da Educação em 2017, Mendonça Filho, decidiu recolher os 93 mil exemplares do livro distribuídos pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) para alunos de primeiro, segundo e terceiro anos do ensino fundamental das escolas públicas.

Em nota divulgada na época, o MEC disse que o exemplar foi selecionado em novembro de 2014, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Nesse período, o ministro à frente do órgão era Henrique Paim e não Fernando Haddad como diz a descrição do post enganoso. Haddad foi ministro da Educação de 29 de junho de 2005 a 24 de janeiro 2012.

Esta verificação foi sugerida por leitores do Comprova por meio do WhatsApp. Versões desta postagem também circulam no Facebook. Uma delas, por exemplo, publicada por Roberto Dias, obteve 3,5 mil visualizações até a manhã desta quinta-feira, 4 de outubro de 2018.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais