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Queda no número de nascimentos acelera no Brasil e tem 6° ano consecutivo em baixa, diz IBGE

Queda no número de nascimentos acelera no Brasil e tem 6º ano consecutivo em baixa, diz IBGE

O país contabilizou quase 2,4 milhões de nascidos vivos no ano passado; isso representa uma baixa de 5,8% ante 2023

Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 14:04

A queda no número de nascimentos no Brasil acelerou e teve o sexto ano consecutivo de redução em 2024. É o que apontam as Estatísticas do Registro Civil divulgadas nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o órgão, que analisa registros de cartórios, o país contabilizou quase 2,4 milhões de nascidos vivos no ano passado. Isso representa uma baixa de 5,8% ante 2023. Trata-se da maior queda em termos percentuais em um ano e do menor número absoluto de nascimentos em um recorte detalhado pelo IBGE a partir de 2004.

As Estatísticas do Registro Civil reúnem informações desde 1974, mas o instituto focou a análise nas duas últimas décadas porque a pesquisa teve mudança metodológica em 2003. À época, os nascimentos ocorridos em um ano e registrados até o primeiro trimestre do ano seguinte passaram a compor o cálculo do período de referência.

O IBGE já lembrou em outra ocasião que as mulheres tinham mais filhos no passado, mas a subnotificação também era maior, já que o registro em cartórios era considerado mais complicado. Ao recuar de 2,5 milhões em 2023 para quase 2,4 milhões em 2024, o contingente de nascidos vivos teve redução de 146,4 mil no país. O movimento de seis quedas consecutivas começou em 2019, no pré-pandemia.

Klívia Brayner, gerente da pesquisa do IBGE, afirmou que os dados divulgados nesta quarta confirmam as tendências já sinalizadas por outro levantamento do instituto, o Censo Demográfico. A fala é uma referência a questões como a baixa no número de filhos por mulher e a escolha de brasileiros que não desejam se tornar pais ou mães. "Realmente, estão nascendo cada vez menos crianças", disse a pesquisadora.

Em junho deste ano, o Censo informou que a taxa de fecundidade no Brasil, que estima o número médio de filhos que uma mulher teria ao longo de sua vida reprodutiva, atingiu em 2022 o menor nível histórico. O indicador foi de 1,55 filho por mulher, em uma trajetória de queda mantida após 1960, quando o índice era de 6,28.

Baixa ocorre em todas as unidades da federação

Na passagem de 2023 para 2024, o número de nascimentos registrados em cartórios recuou em todas as unidades da federação, conforme as Estatísticas do Registro Civil. Em 15 locais, a baixa foi mais intensa do que a média nacional (-5,8%), inclusive em São Paulo (-6,5%). Acre (-8,7%) e Rondônia (-8,6%) tiveram as maiores reduções do país em termos proporcionais. Os recuos menos intensos ocorreram na Paraíba (-1,9%) e em Alagoas (-2,4%).

Mulheres têm filhos mais tarde

Os dados divulgados nesta quarta também confirmam que as mulheres estão tendo filhos mais tarde. Em 2004, 24,3% dos nascimentos foram gerados por mães com 30 anos ou mais de idade. Duas décadas depois, em 2024, o percentual subiu a 39,5% — 4 em cada 10 registros. No sentido contrário, a proporção de nascimentos envolvendo mães mais jovens, de até 24 anos, encolheu. Baixou de pouco mais da metade em 2004 (51,7%) para pouco mais de um terço em 2024 (34,6%).

Há outras formas de analisar o quadro. De 2004 para 2024, o número de nascidos vivos com mães mais velhas, de 40 anos ou mais, aumentou 71,8%. Passou de 59,9 mil para 102,8 mil. Já o total de nascimentos envolvendo mães mais jovens, de até 19 anos, diminuiu 53,9% em duas décadas. Recuou de 580,3 mil em 2004 para 267,4 mil em 2024. Desses 267,4 mil registros, em torno de 11,5 mil, ou 4,3%, envolviam os casos mais precoces, de mães com menos de 15 anos. O número caiu 11,6% se comparado a 2023, quando 13 mil nascidos vivos tinham mães com menos de 15 anos no parto. Os meninos responderam por 51,1% dos nascidos vivos no país em 2024. A parcela das meninas foi de 48,8%.

34,3% dos nascimentos ocorrem fora dos municípios das mães

O IBGE ainda indicou que 34,3% dos nascimentos de 2024 ocorreram em hospitais ou unidades de saúde de municípios diferentes das cidades de residência das mães. É um dado que indica a necessidade ou a opção pelo deslocamento das mulheres em busca de atendimento no parto. O percentual variou de 1,3% no Distrito Federal a 60,3% em Sergipe. Em São Paulo, a proporção ficou em 26,9%, abaixo da média nacional (34,3%).

O IBGE afirma que o deslocamento é mais comum entre as mães de cidades de pequeno porte. O instituto, contudo, também fez um recorte dos municípios com mais de 500 mil habitantes. Nesse caso, Belford Roxo, na região metropolitana do Rio, teve a maior proporção. Em 2024, 79,4% dos nascimentos envolvendo mães da cidade ocorreram em outras localidades.

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