Publicado em 30 de junho de 2021 às 22:07
Autor da denúncia do recebimento de pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde, o cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira atuou no gabinete militar do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por 15 meses, entre 2019 e 2020. Ele está sendo investigado pela Polícia Militar. >
Ele, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, disse que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal, no dia 25 de fevereiro. >
De acordo com o governo Zema, Dominguetti atuou no gabinete militar entre 7 de agosto de 2019 e 5 de novembro de 2020, na função de segurança das instalações prediais – cuidava de guarita. >
A saída dele do posto foi decidida pela atual chefia do gabinete militar, por Dominguetti "não corresponder ao perfil necessário de atuação no setor". >
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Com isso, o policial militar foi transferido para o 64º Batalhão da Polícia Militar, em Alfenas, no sul de Minas Gerais. >
Por se apresentar como representante da empresa, Dominguetti está sendo alvo de investigação da Polícia Militar. Nesta quarta-feira (30), a corporação instaurou um relatório de investigação preliminar contra o cabo, com o objetivo de investigar condutas que ferem o código de ética e disciplina dos militares mineiros e, também, o estatuto dos militares do estado. >
"Cabe destacar que a Lei 14.310/2002, que dispõe sobre o Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais, considera como transgressão disciplinar o militar da ativa que participe de firma comercial ou de empresa industrial de qualquer natureza, ou nelas exerça função ou emprego remunerado", diz trecho de comunicado do governo Zema. >
Dominguetti foi convocado pela CPI da Covid e irá depor nesta sexta-feira (2) à comissão do Senado– os senadores do colegiado também afirmaram que as denúncias são fortes. >
Ouvido pela reportagem antes da convocação, Dominguetti disse que falará o que sabe "na frente de todo brasileiro" e que "todo mundo tem que saber a verdade". >
"Tudo o que eu passei, eu não tenho melindre nenhum de falar o que aconteceu", disse ao jornal Folha de S.Paulo. "Eu digo o que eu disse à senhora [repórter] e, se alguém me chamar, a qualquer momento, vai ser falado o que eu disse à senhora", acrescentou. >
Nesta terça-feira (29), em entrevista à Folha de S.Paulo, Dominguetti afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose, em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. >
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, decidiu exonerar Dias após a denúncia. >
A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5). Dominguetti deu mais detalhes do encontro. Disse Dias lhe falou que tinha o "poder da caneta" na pasta, citando o valor de R$ 8 bilhões. >
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