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Patriota expulsa vereador que ofendeu baianos vítimas de trabalho escravo

Patriota expulsa vereador que ofendeu baianos vítimas de trabalho escravo

Em sessão na Câmara de Caxias do Sul (RS), Sandro Fantinel minimizou exploração sofrida por trabalhadores e disse que baianos "vivem na praia tocando tambor"

Publicado em 1 de março de 2023 às 17:16

SÃO PAULO - O partido Patriota expulsou nesta quarta-feira (1º) o vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel. Durante um discurso na Câmara dos Vereadores da cidade, o político ofendeu trabalhadores encontrados em situação análoga a escravidão em Bento Gonçalves (RS).

O diretório nacional do Patriota disse que a fala de Fantinel desrespeitou a dignidade humana. Segundo o partido, o vereador se referiu "de forma vil a seres humanos tristemente encontrados em situação degradante".

Sandro Fantinel, vereador em Caxias do Sul (RS)
Mesmo expulso de partido, Sandro Fantinel segue como vereador Crédito: Bianca Prezzi/Câmara de Caxias do Sul

Mesmo expulso do partido, o vereador pode seguir no cargo. Esse foi o entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ao julgar casos semelhantes.

"Essa situação torna inconciliável sua permanência nas fileiras do Patriota, partido que prima pelo respeito às leis, à vida e à equidade", afirma ofício do Patriota

Em sessão na Câmara dos Vereadores de Caxias do Sul na terça-feira (28), Fantinel disse aos agricultores gaúchos que "não contratem mais aquela gente lá de cima".

"Única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor", disse ele, minimizando a exploração sofrida pelos trabalhadores.

Duzentas e sete pessoas foram resgatadas na semana passada de condições análogas a escravidão. Elas atuavam na colheita e carregamento de uvas em Bento Gonçalves (RS). A maioria vinha da Bahia.

Eles trabalhavam para uma empresa prestadora de serviço contratada pelas vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.

As vítimas eram obrigadas a viver em um alojamento sujo, comendo comida estragada. Os patrões também usavam choques elétricos e spray de pimenta, segundo depoimentos.

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), 195 vítimas já estão de volta ao seu estado de origem. Em audiência, o MPT propôs que os trabalhadores recebam R$ 600 mil por danos morais, além de R$ 1 milhão em verbas rescisórias.

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