Publicado em 21 de julho de 2022 às 16:50
Operação realizada pela Polícia Militar e pela Polícia Civil no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (21), já resultou na morte de ao menos quatro pessoas.>
A PM confirmou a morte de um de seus agentes. Moradores denunciaram que uma mulher dentro de um carro foi assassinada por um policial militar. A corporação diz que dois homens foram encontrados mortos em meio aos confrontos e que dois fuzis foram apreendidos.>
A ação conta com 400 policiais do Equipes do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da Polícia Militar e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) da Polícia Civil. Também estão sendo utilizados dez blindados e quatro helicópteros.>
Nas redes sociais, moradores relatam intenso tiroteio na comunidade, com disparos atingindo suas casas.>
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A Polícia Militar afirma que as bases das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) Fazendinha e Nova Brasília foram atacadas por criminosos, que também derramaram óleo em via pública e atearam fogo em objetos.>
Em nota, a corporação diz que as equipes policiais foram atacadas por disparos de arma de fogo em diferentes pontos do Alemão.>
A PM confirmou a morte do cabo Bruno de Paula Costa, 38, baleado enquanto estava trabalhando, em ataque à base da UPP Nova Brasília. Segundo a corporação, a morte foi uma retaliação à operação.>
Costa foi socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu ao ferimento. Ele ingressou na polícia em 2014, era casado e deixa dois filhos.>
Moradores denunciaram que a Polícia Militar matou Leticia Marinho, 50, uma mulher que mora no Recreio, zona oeste da cidade, mas que estava no Alemão visitando a tia do namorado, identificado como Denilson.>
Ele afirmou ao Voz das Comunidades, mídia local, que saíram da casa da tia de carro e pararam no sinal, com os vidros abertos, ao lado de um veículo da polícia. Segundo Denilson, não havia confronto no local naquele momento.>
Ainda assim, segundo ele, a polícia atirou contra o seu carro. "Nem percebi que ela tinha sido alvejada. Quando olhei, ela já estava caindo para o meu lado", disse.>
Segundo Denilson, os agentes não explicaram por qual motivo efetuaram os disparos. Leticia deixa três filhos.>
A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão informou que a paciente deu entrada na unidade, mas que morreu pouco tempo depois.>
A investigação da morte está a cargo da Polícia Civil. Entidades de defesa dos direitos humanos frequentemente criticam o fato de a polícia investigar a própria polícia.>
Ouvidor Geral da Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Guilherme Pimentel afirma que o órgão recebeu muitas denúncias sobre invasão de residências pela polícia e de helicópteros sendo utilizados como base para tiros.>
Ele diz que moradores narraram intenso tiroteio, inviabilizando a saída de casa para trabalhar e estudar. Também relataram que o comércio e unidades de saúde estão fechados.>
"As pessoas dentro de casa estão em pânico. Muito inseguras dentro da própria casa", afirma.>
Interligada a esta operação, policiais militares do 3ºBPM (Méier), do 41ºBPM (Irajá) e de outros batalhões do 2º Comando de Policiamento de Área (zonas norte e oeste do Rio de Janeiro) também estão atuando nas comunidades Juramento e Juramentinho.>
Em nota, a Polícia Militar afirmou que informações dos setores de inteligência indicaram a presença de criminosos do Complexo do Alemão praticando roubos de veículos, principalmente nas áreas dos bairros do Grande Méier, Irajá e Pavuna.>
Segundo a polícia, este grupo criminoso vem realizando roubos a bancos e roubos de carga, além de planejar tentativas de invasão a outras comunidades.>
Entre os roubos de carga, de acordo com a corporação, constam roubos de óleo diesel para derramar em ladeiras durante operações policiais, com o objetivo de dificultar o avanço das equipes.>
Em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, o major Ivan Blaz afirmou que a operação é necessária para coibir a ação do crime na comunidade, inclusive em outros pontos do estado. Ele também disse que criminosos de outros estados estão sendo abrigados no Alemão.>
Blaz afirmou que os confrontos foram muito intensos pela manhã e que as tropas estavam encontrando dificuldade para avançar. Segundo ele, o ataque à base da UPP foi "muito duro".>
O major também disse que os criminosos colocaram muitas barricadas e trilhos de trem na região para impedir o avanço dos agentes.>
Blaz reconheceu que o impacto na vida dos moradores do Complexo é muito grande, mas pede que eles evitem sair de suas casas. Afirmou, ainda, que equipamentos públicos como escolas não irão funcionar na região enquanto durar a operação.>
A operação ocorre em meio à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que restringiu as operações policiais para casos excepcionais no estado do Rio de Janeiro, enquanto durar a pandemia da Covid-19.>
Em maio, operação policial na Vila Cruzeiro, a segunda mais letal no estado, resultou na morte de 23 pessoas. A favela é vizinha ao Alemão, alvo da ação desta quinta-feira.>
A operação mais letal ocorreu em maio de 2021, na favela do Jacarezinho. Foram mortas 28 pessoas, sendo um policial civil.>
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro e a Ordem dos Advogados do Brasil no estado pedem que o governo do estado reduza em 70% as mortes por intervenção policial no prazo de um ano. As propostas foram encaminhadas ao Palácio Guanabara em junho.>
Ao fim de maio, o ministro do STF Edson Fachin decretou que o Governo do Rio de Janeiro ouvisse, em um prazo de 30 dias, o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil para concluir o plano de redução da letalidade policial no estado.>
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