Publicado em 2 de agosto de 2021 às 15:15
O cientista político Francisco Weffort, de 84 anos, morreu nesta segunda-feira (02), no Rio de Janeiro, em decorrência de um infarte no miocárdio. Com trajetória de destaque marcada pela atuação acadêmica e política, ele era um dos mais importantes pesquisadores e defensores da consolidação dos valores democráticos na vida política brasileira. >
Natural da cidade de Quatá, no interior paulista, ele esteve entre os fundadores do PT, partido que deixou nos anos 1990, antes de assumir o Ministério da Cultura no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Weffort esteve no cargo durante os dois mandatos de FHC, sendo o ministro que mais tempo ficou no posto desde o início do processo de redemocratização do Brasil.>
Weffort deixa quatro filhas de seu primeiro casamento, com Madalena Freire Weffort, filha do educador Paulo Freire. Desde 2002, ele era casado com a socióloga Helena Severo, ex-secretária estadual de Cultura do Rio de Janeiro.>
Recentemente, como mostrou o Estadão, Weffort lançou, ao lado do também cientista político José Álvaro Moisés, o livro "Crise da Democracia Representativa e Neopopulismo no Brasil", publicado pela Fundação Konrad Adenauer. Na obra, eles analisam o impacto do neopopulismo na atual crise da democracia e as possibilidades de superá-la.>
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Na ocasião, em entrevista ao jornal, criticou o presidente Jair Bolsonaro que, segundo ele, "não obedece às regras de um sistema democrático".>
Weffort iniciou sua trajetória acadêmica em 1961, como professor da Universidade de São Paulo, lecionando em cursos de graduação até o golpe militar de 1964. Anos mais tarde, voltou a integrar o quadro de docentes da USP, onde permaneceu até 1995. Ao longo de sua carreira, lecionou ainda em prestigiadas universidades como as universidades de Essex (Inglaterra), Notre Dame (França) e de La Plata (Argentina), além do Woodrow Wilson Center (EUA).>
"Recebi a notícia com imensa tristeza. Além de grande intelectual, era um amigo muito próximo e querido, assim como é Helena", lamentou a cientista política Maria Tereza Sadek, que trabalhou a seu lado na Universidade de São Paulo.>
No PT, o cientista político chegou a se lançar como candidato a uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte, em 1986, mas não conseguiu conquistar a vaga por São Paulo.>
Três anos depois, Weffort apoiou a candidatura de Lula à Presidência da República, embora tenha manifestado publicamente discordâncias com relação a alguns aspectos da orientação política petista.>
Peça fundamental na estruturação do PT, o cientista político deixou o partido no início dos anos 1990 para se concentrar no estudo sobre novos regimes políticos.>
O desligamento do PT, seguido da entrada no governo tucano, foi alvo de críticas. O cientista político chegou a ser tema de dissertação de mestrado, publicada em 2020, na Unesp, sob o título de: "Do PT ao governo FHC: a trajetória político-intelectual de Francisco Weffort".>
Nos anos 2000, ele era um dos defensores de que o PT fizesse aquilo que mais tarde seria chamado de autocrítica sobre a participação de dirigentes do partido no escândalo do mensalão.>
Entre 1995 e 2002, Weffort esteve à frente do Ministério da Cultura. Depois do fim do governo FHC, o estudioso voltou a se dedicar prioritariamente ao ensino e pesquisa em ciências políticas e sociais.>
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