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Morre aos 98 anos a escritora Lygia Fagundes Telles, imortal da ABL

Morre aos 98 anos a escritora Lygia Fagundes Telles, imortal da ABL

Lygia, autora de "As Meninas",  foi uma das últimas escritoras de uma geração que marcou a produção literária nacional, vencedora do Prêmio Camões, em 2005, pelo conjunto da obra

Publicado em 3 de abril de 2022 às 14:16

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Literatura
A escritora Lygia Fagundes Telles, ao completar 90 anos, em seu apartamento em São Paulo. (Fabio Braga/Folhapress)

Morreu neste domingo (3), em São Paulo, aos 98 anos, a escritora paulistana e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Lygia Fagundes Telles. A informação foi confirmada pela ABL. A causa do óbito não foi divulgada. Lygia é um dos principais nomes da literatura brasileira e uma das últimas escritoras de uma geração que marcou a produção literária nacional.

Lygia foi vencedora do Prêmio Camões, em 2005, pelo conjunto da obra, e do Prêmio Juca Pato, em 2009, como intelectual do ano.

A escritora nasceu na capital paulista, estudou na Escola Caetano de Campos e se formou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). Ingressou na ABL em 1987 na cadeira 16, na sucessão de Pedro Calmon.

VIDA

Filha de um delegado e promotor público, a autora nasceu em São Paulo em 1923, mas passou toda a infância em diferentes cidades do interior paulista - entre elas, Areias, Assis, Apiaí e Sertãozinho. De volta à capital, estudou na escola Caetano de Campos, onde recebeu os primeiros incentivos literários.

Foi justamente nessa época que escreveu seu primeiro livro, que viria a destruir tempos depois. Segundo ela, a pouca idade não justificava a má literatura da obra. "Hoje uma jovem de 15 anos fuma, bebe, lê Kafka, discute sexo, enfim, ousa tudo. Eu, com essa idade, era só ignorância. E medo", disse Lygia sobre esse seu primeiro livro.

Estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a autora publicou oficialmente seu primeiro livro de contos, "Praia Viva", em 1944. Mas foi difícil fazer com que a obra saísse, já que muitos editores recusavam a publicação, como ela mesmo reclamou em carta para Erico Verissimo em 1941.

Lygia foi procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo até a aposentadoria. Em 1947, casou-se com Goffredo Telles Jr., seu professor de direito, de quem herdou o sobrenome usado para assinar seus livros. Separada, casou-se mais uma vez, nos anos 1960, com o escritor e cineasta Paulo Emílio Salles Gomes. Do primeiro casamento, nasceu seu filho, Goffredo Telles Neto.

OBRA

Entre seus livros mais importantes estão "Antes do Baile Verde" (1970), "As Meninas" (1973), "Seminário dos Ratos" (1977), "Filhos Pródigos" (1978), "A Disciplina do Amor" (1980), "As Horas Nuas" (1989), "A Noite Escura e Mais Eu" (1995), e "Invenção e Memória" (2000). Seu livro "Ciranda de Pedra" (1954) inspirou a novela homônima, exibida na TV Globo.  

Na área do cinema, escreveu ainda o roteiro de "Capitu" (1967), baseado em "Dom Casmurro", de Machado de Assis, em parceria com o crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes. Em 2001, recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade de Brasília (UNB).

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Com informações da Agência Folhapress

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