Publicado em 28 de maio de 2020 às 10:24
Pela primeira vez desde a eclosão da pandemia do novo coronavírus no Brasil, a maioria dos estados brasileiros registra uma ocupação maior que 70% dos leitos públicos de terapia intensiva para o tratamento da Covid-19. >
Levantamento da reportagem aponta que 17 dos 26 Estados já têm pelo menos sete de cada dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. Em três deles - Ceará, Amapá e Pernambuco - a ocupação está acima de 90%.>
O avanço do número de pacientes graves acontece no mesmo momento em que parte dos estados anuncia medidas de abertura gradual do comércio e de outros setores da economia, caso de São Paulo, Ceará e Maranhão.>
Mesmo nos estados que adotaram medidas restritivas mais rígidas e bloqueio total em algumas cidades, caso de Pernambuco, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, o número de pacientes graves internados permanece em patamares considerados preocupantes.>
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Em Pernambuco, onde a taxa de ocupação oficialmente divulgada é de 97%, o tamanho da fila de pacientes com síndrome respiratória aguda grave que aguardam uma vaga de UTI nos hospitais da rede estadual de Pernambuco diminuiu 26% em três semanas.>
No dia 4 de maio, 256 doentes esperavam por um leito, número que caiu para 190 nesta quarta-feira (27). Ainda há casos de infectados pelo novo coronavírus que aguardam a transferência há mais de duas semanas.>
No Rio de Janeiro, a abertura de uma nova ala no hospital de campanha do Maracanã na última sexta (22) aliviou um pouco a situação. A ocupação dos leitos de terapia intensiva estaduais, que era de 90% há uma semana, passou para 82% nesta terça.>
Parte das 160 vagas abertas ali, porém, deve ser rapidamente ocupada nos próximos dias, já que o estado tem uma fila de 286 pessoas aguardando transferência. Seis hospitais de campanha fora da capital ainda não foram inaugurados - um deles vai começar a receber pacientes nesta quinta.>
No estado de São Paulo, 4.779 pacientes estavam em leitos de UTI com Covid-19 nesta terça, com uma ocupação de 74% das vagas disponíveis.>
Na capital paulista, segundo o prefeito Bruno Covas, a ocupação de leitos de terapia intensiva nesta terça era de 85%. Há mais de três semanas, o índice tem se mantido entre 85% e 92%.>
O governo de São Paulo afirmou que dobrou o número leitos de UTI no estado, passando de 3.600 para 7.200. Além disso, sete hospitais de campanha foram abertos: quatro na capital paulista e três no interior.>
A queda na taxa de ocupação de leitos é um dos critérios observados para a retomada da economia - os demais são respeito ao índice de isolamento social de, no mínimo 55%, controle do número de casos e mortes de Covid-19 e de internações.>
Na nova fase do Plano São Paulo, anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), as cidades da Grande São Paulo e o litoral não terão relaxamento da quarentena. Na capital paulista, será permitida a abertura do comércio (com restrição de horário), de concessionárias, de escritórios e de imobiliárias.>
O Ceará é outro estado que deve começar a adotar medidas de relaxamento do isolamento social a despeito de registrar uma ocupação de 91% dos 661 leitos de UTI para Covid-19.>
Nesta terça, o governador Camilo Santana (PT) anunciou o início de uma reabertura gradativa da economia a partir de 1º de junho. A retomada será em fases, mas os setores e regiões contempladas ainda não foram anunciados.>
O mesmo já começou a acontecer no Maranhão, que tem 89% dos leitos para pacientes graves ocupados. O governador Flávio Dino (PCdoB) autorizou a abertura, a partir desta segunda-feira (25), de empresas exclusivamente familiares, na qual trabalham apenas o proprietário e pessoas de sua família.>
A expectativa é de que outros setores da economia tenham a sua abertura autorizada a partir da próxima semana. De acordo com o governo, a retomada será gradual e seguirá protocolos sanitários como o uso de máscaras e distanciamento social.>
O estado, que decretou confinamento obrigatório por 12 dias em São Luís e mais três cidades nos arredores, viu sinais positivos da medida, que chegou ao fim no dia 17 de maio. A ocupação dos leitos de UTI na capital, por exemplo, caiu de 100% para 86% na última semana.>
O Rio Grande do Sul adotou um protocolo de reabertura da economia há um mês. Contudo, segue com uma ocupação crescente dos leitos de terapia intensiva, chegando a 71% nesta terça, número que também inclui os hospitais privados.>
A ocupação ajuda a calcular o risco da Covid-19 no modelo de bandeiras que flexibilizam as atividades econômicas no Estado. Antes, o número de casos confirmados da doença era considerado. Mas o governo entendeu que regiões que testam mais acabavam penalizadas pelo modelo.>
Em situação relativamente mais tranquila, outros nove estados e o Distrito Federal estão com a ocupação abaixo de 70%.>
O Distrito Federal ampliou sua rede de leitos de UTI para a Covid-19 na medida em que crescem os casos de pacientes graves. A unidade da federação busca manter a taxa de ocupação desses leitos especiais abaixo de 50%. Por isso, na última semana, foram inaugurados 70 novos leitos de UTI.>
Nesta terça-feira (26), 121 leitos de terapia intensiva para Covid-19 estavam ocupados. Mesmo o avanço do número de pacientes graves, o DF segue em seu processo de abertura da economia.>
Depois de autorizar o funcionamento do comércio, os shoppings e centros comerciais foram autorizados a funcionar em horário reduzido a partir desta quarta-feira (27).>
Com um acréscimo de 67 UTIs da rede privada graças a uma ação de confisco de leitos pelo estado, o Tocantins chegou a 121 UTIs disponíveis para tratamento da Covid-19. A taxa de ocupação atual é de 19%.>
Mato Grosso apresentou alta no total de pacientes internados em UTIs destinadas a Covid-19, mas manteve a ocupação em 13% devido à implantação de 48 novos leitos na última semana. São 34 os pacientes internados, ante os 28 da semana anterior.>
Estado que está em último na lista de casos confirmados da Covid-19, Mato Grosso do Sul continua com uma situação confortável, com apenas 3,3% das 296 UTIs exclusivas para pacientes da doença ocupadas. Em Campo Grande não há registro de internações na rede pública nesse tipo de leito.>
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