Publicado em 23 de julho de 2018 às 11:11
Filho de José Alencar (1931-2011), vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Josué Gomes é dado como nome certo para vice de Geraldo Alckmin (PSDB). Sempre teve, no entanto, uma estreita relação com um adversário histórico dos tucanos: o PT. A própria filiação ao PR, em abril deste ano, foi sacramentada após articulação de Lula. Antes de ser preso, o ex-presidente sonhava reeditar a chapa que o elegeu em 2002, desta vez trocando José por Josué.>
Sucessor do pai na presidência da Coteminas, até o início de 2018 Josué estava no MDB. Como uma aliança com o partido de Michel Temer seria impossível para Lula, trocou de legenda mas o plano não seguiu como esperado. Após a prisão do petista, Valdemar Costa Neto, dono do PR, ponderou que seria loucura escorar-se num candidato que seria impedido pela justiça de disputar o pleito. Para Valdemar, acima de tudo, vale o pragmatismo.>
Na última segunda-feira, em conversa entre Josué e Valdemar, o empresário colocou-se à disposição para ser vice de quem o centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) indicasse. Quinta-feira, com o desfecho da novela, coube a Josué dizer, em nota, que recebia com responsabilidade a indicação para ser vice de Alckmin.>
Essa não será sua estreia na arena política. Em 2014, foi derrotado por Antonio Anastasia (PSDB) em eleição para o Senado em Minas Gerais. Mas não fez feio: teve 3,6 milhões de eleitores, equivalente a 20% dos votos válidos. Mineiro, Josué vive em São Paulo, onde gerencia um império da indústria têxtil, com fábricas no Brasil, Argentina, Estados Unidos e Canadá.>
>
PESQUISA DESENCORAJOU CANDIDATURA>
A experiência de quatro anos atrás fez com que o PR pensasse até mesmo em lançá-lo como cabeça de chapa. Após sugestão do presidente do Democratas, ACM Neto, o PR contratou uma pesquisa qualitativa para testar a viabilidade eleitoral de Josué como candidato ao Planalto. O levantamento foi feito em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.>
O resultado, ao qual O GLOBO teve acesso, foi decepcionante. Como não se trata de um levantamento quantitativo, o estudo é focado na análise de pontos positivos e negativos, segundo a visão de eleitores entrevistados. Com os dados coletados, chegou-se à conclusão de que não foi possível avaliar a imagem do pré-candidato, dado o total desconhecimento, tanto do nome quanto da fisionomia de Josué.>
Após a apresentação, pelo pesquisador, de biografia e vídeo, foram retiradas apenas algumas conclusões. Como pontos positivos, o apelo por ser novo e o potencial de focar na pauta de geração de empregos e renda. Pelo lado negativo, em Belo Horizonte e em São Paulo, houve rejeição pela aproximação de Josué com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).>
No meio político, entretanto, é difícil alguém criticar Josué pela proximidade com o PT. Mesmo o dono da Riachuelo, Flávio Rocha, ex-presidenciável do PRB que foi apoiado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), elogia o colega:>
É meu amigo. Um grande comunicador, bastante falante, mineiro em não revelar tudo o que diz. Mas fluente em verbalizar tudo, embora não revele o essencial. É o jeito dele.>
De fato, Josué comporta-se mineiramente para transitar entre as mais variadas correntes políticas. Em maio, quando foi à Câmara conhecer a bancada de seu novo partido, foi perseguido por repórteres que tentaram arrancar-lhe algum indicativo de que fosse candidato. Não descartou nenhuma candidatura, mas terminou dizendo: Vocês são muito insistentes e eu sou muito mineiro.>
Após essa visita, o nome de Josué começou a circular como um possível candidato. Ele passou a ser recebido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a dialogar com parlamentares. Também começou a fazer rodadas de conversas com empresários em São Paulo.>
Apesar da identificação com suas origens, enquanto o quadro ainda estava desorganizado para o centrão o PR quase declarou apoio a Jair Bolsonaro (PSL) , Josué rejeitou candidatar-se ao governo de Minas. O motivo foi o seu recente processo de paulistização.>
Em reunião com dirigentes do PR, segundo um dos presentes, Josué declarou:>
Rapaz, as pessoas lá (em Minas Gerais) são muito bairristas e eu já estou morando em São Paulo há muito tempo. Não vai dar.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta