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IBGE diz estar 'confiante' caso precise de mais verba para concluir Censo

IBGE diz estar 'confiante' caso precise de mais verba para concluir Censo

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O diretor de pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azeredo, afirmou nesta segunda-feira (1º) que está confiante com a possibilidade de o órgão ter à disposição recursos complementares para concluir o Censo Demográfico 2022, caso isso se torne imprescindível.

Publicado em 1 de agosto de 2022 às 16:23

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O diretor de pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azeredo, afirmou nesta segunda-feira (1º) que está confiante com a possibilidade de o órgão ter à disposição recursos complementares para concluir o Censo Demográfico 2022, caso isso se torne imprescindível.

Ele disse que, por ora, não há necessidade de recomposição da verba, estimada em R$ 2,3 bilhões, mas não descartou a medida mais à frente. O IBGE iniciou nesta segunda as entrevistas do Censo, após dois anos de atraso e ameaça de apagão estatístico no país.

"A gente já reajustou algumas coisas. Estou muito confiante: se por acaso a gente necessitar de mais recursos, a gente vai ter esses recursos. O governo está muito ciente da importância do Censo. Mas a gente vai trabalhar um dia de cada vez. Hoje a gente não necessita de nenhuma complementação", relatou o diretor.

A declaração foi dada em entrevista a jornalistas após o evento de lançamento do Censo. A cerimônia ocorreu no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro.

O Censo, que costuma ser realizado de dez em dez anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira.

A edição mais recente ocorreu em 2010. A nova pesquisa seria realizada em 2020, mas foi adiada com as restrições provocadas pelo início da pandemia de Covid-19.

Em 2021, o levantamento foi travado pela segunda vez. À época, o que impediu o trabalho foi um corte na verba prevista pelo governo federal.

A decisão causou preocupação entre especialistas. O temor ganhou forma porque os dados do Censo funcionam como base para uma série de políticas públicas e até decisões de investimento de empresas.

Para realizar o estudo em 2022, o IBGE contou com a garantia do orçamento de R$ 2,3 bilhões somente após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.

Em seminário com jornalistas em junho, Azeredo chegou a sinalizar que o instituto buscaria complementação da verba devido a fatores como a inflação da gasolina. O combustível é usado, por exemplo, nos deslocamentos dos recenseadores.

"O orçamento planejado, a gente recebeu. Se houver necessidade de replanejamento em função de algum problema, isso vai ser feito. A gente tem a garantia do Ministério da Economia", afirmou Azeredo. "Iniciado o Censo, a gente vai conseguir finalizá-lo."

Em vídeo transmitido durante a cerimônia de lançamento do Censo, o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, indicou que o órgão terá de enfrentar dificuldades para concluir a pesquisa. Ele comemorou o início das entrevistas nesta segunda.

"Teremos adversidades, mas estamos preparados para superá-las. Já superamos diversas barreiras até chegar a esse ponto", afirmou.

O evento que celebrou o início da pesquisa também teve discursos de representantes de instituições como OIT (Organização Internacional do Trabalho) e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

Em comum, as falas destacaram que o Censo serve como espinha dorsal do sistema de estatísticas do país, ajudando no conhecimento de grupos diversos.

Até outubro, a intenção do IBGE é visitar os cerca de 75 milhões de domicílios espalhados pelo Brasil –de periferias, localidades ribeirinhas e comunidades indígenas até casas e condomínios de luxo. A pesquisa é a única que tenta chegar a todos os lares do país.

As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos das prefeituras.​ Os dados podem ainda auxiliar uma empresa a conhecer melhor o perfil dos consumidores.

AMEAÇAS DE FAKE NEWS

Nesta segunda, Azeredo também defendeu a ideia de que a pesquisa é uma política de Estado, não atrelada a governantes ou partidos. O diretor chamou atenção para o risco de o instituto ser vítima de fake news durante a operação censitária.

"Não é um Censo do governo, não é um Censo do IBGE. É um Censo do Brasil", apontou.

Os resultados preliminares da contagem da população devem sair até o final deste ano, segundo a previsão do instituto. Dados mais detalhados tendem a ser divulgados a partir de 2023. De acordo com o IBGE, a primeira entrevista deste ano foi registrada no município de Limeira (SP).

A projeção do instituto é contratar de maneira temporária cerca de 183 mil recenseadores para a pesquisa. O número ainda não foi alcançado.

O IBGE estendeu até quarta-feira (3) o prazo final de inscrição para um processo seletivo complementar com cerca de 15 mil vagas de recenseadores. Azeredo disse nesta segunda que a contratação em meio ao início das entrevistas é um procedimento normal.

"A gente nunca começa um Censo com a quantidade de recenseadores que está prevista. Tem todo um processo que vai acontecendo."

Nas redes sociais, o IBGE tem sido alvo de críticas de pessoas que teriam participado dos treinamentos realizados para recenseadores, mas que não teriam recebido uma ajuda de custo para arcar com despesas relacionadas às atividades.

Questionado sobre o assunto, Azeredo confirmou o problema e indicou que houve um "desencontro de informações". Segundo ele, o instituto está trabalhando para que os profissionais envolvidos recebam a ajuda.

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"Durante o Censo, a gente sabe que vão acontecer muitos problemas. A gente não está livre. Quem disse que o IBGE vai fazer um Censo sem problemas mentiu."

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