Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 07:32
A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu em flagrante na segunda-feira (15) um homem suspeito de ter provocado um acidente em Itaúna, na região oeste do estado, para ocultar um feminicídio.>
Alison de Araújo Mesquita, 43, foi detido no velório da namorada, Henay Rosa Gonçalves Amorim, 31, e aguarda audiência de custódia, que deve definir se sua prisão será mantida.>
Procurado desde o início da tarde desta terça-feira (16), o advogado do suspeito não retornou às tentativas de contato.>
Uma denúncia de uma funcionária de uma praça de pedágio em Itaúna fez a polícia suspeitar de que a morte da vítima, antes registrada como causada por um acidente de trânsito, poderia ter sido um feminicídio.>
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A mulher reportou ao superior ter visto um carro em que o homem, que estava no banco do passageiro, pilotava o carro com os braços e a perna sobre a mulher, que estava no banco do motorista e aparentava estar inconsciente.>
A Polícia Civil então foi acionada por familiares da vítima no último domingo e passou a fazer diligências para identificar a causa da morte.>
De acordo com o delegado responsável pelo caso, a corporação começou a monitorar o suspeito e solicitou que fosse refeito o exame de necropsia.>
O segundo laudo, que considerou as suspeitas de feminicídio, identificou indícios de asfixia na vítima, de acordo com João Marcos do Amaral Ferreira.>
A polícia afirma também ter colhido depoimentos de testemunhas que afirmaram que existia um contexto de violência doméstica entre o casal, que morava junto havia cerca de sete meses em Belo Horizonte.>
"Após as oitivas dessas testemunhas que indicavam com elementos fortes de ter havido feminicídio, o autor [suspeito] acabou confessando que teria agredido a vítima inclusive durante o trajeto", disse Ferreira.>
O delegado afirmou que o suspeito indicou o local onde ele teria asfixiado a vítima, que seria compatível com as lesões encontradas no segundo exame de necropsia.>
Alison, porém, negou em depoimento que a vítima morreu antes do acidente e afirmou aos policiais que ela teria recobrado a consciência e jogado o veículo em que estavam contra um micro-ônibus que vinha na contramão.>
A versão do suspeito é contestada pela polícia. O delegado afirma que uma testemunha do acidente, que estava no micro-ônibus, relatou aos policiais que foi checar os sinais vitais da vítima e ela estaria gelada.>
"Segundo a literatura médico-legal, o corpo da pessoa começa a resfriar de uma a duas horas depois da morte. Essa testemunha afirmou que a vítima estava com sangue nas narinas estancado e seco, o que não seria compatível com a morte no acidente", disse.>
Os investigadores agora tentam identificar se Henay já estava morta quando o casal deixou o apartamento na capital mineira. Para isso, foram solicitadas imagens do circuito de segurança do prédio onde eles moravam.>
"O que nos parece seguro dizer é que ele quis ocultar esse feminicídio. É forjar uma hipótese para que a morte dela fosse ocultada", afirmou o chefe do 7º Departamento de Polícia Civil, delegado Flávio Destro.>
A apuração também tenta identificar qual teria sido a causa da morte de Henay, por trauma cranioencefálico ou asfixia.>
"As duas causas possíveis do óbito são compatíveis com o narrado pelo autor. Porque ele confessa que bateu com a cabeça dela, por mais de uma vez, dentro do veículo, no trajeto de Belo Horizonte até o momento em que o acidente aconteceu. O que pode ter levado ao trauma cranioencefálico", afirmou Flávio.>
O médico-legista Rodolfo Ribeiro afirmou que foram coletados fragmentos de carótida e de laringe da vítima para análise mais detalhada no IML (instituto médico-legal) de Belo Horizonte.>
Ele disse que no primeiro exame, feito após a suspeita da morte por colisão de trânsito, não foram identificados sinais no pescoço ou hematomas no resto do corpo.>
Os indícios de asfixia só foram encontrados no segundo exame, feito em regiões que não fazem parte do protocolo padrão de necropsia, disse o profissional.>
"Iniciamos o exame necroscópico da região cervical, onde foi dissecada mais profundamente a área. Nos deparamos com uma sufusão hemorrágica [extravasamento de sangue] na região cervical abaixo da orelha. O achado é compatível com uma constrição cervical externa na região cervical à direita. Ou seja, ela poderia ter sido asfixiada desse lado", afirmou o médico-legista.>
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