Publicado em 16 de setembro de 2022 às 20:04
BRASÍLIA - A Magic Beans Comunicação, cujo sócio é responsável pelo site Lulaflix, deve embolsar ao menos R$ 7 milhões da campanha de Jair Bolsonaro e de seu partido, o PL.>
O Lulaflix é um site que reúne conteúdo negativo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que foi impulsionado no Google pela campanha de Bolsonaro, numa prática que — segundo especialistas — fere a legislação eleitoral.>
A chapa do presidente contratou a empresa por R$ 4 milhões, mas seu nome já aparecia nas contas do PL desde a pré-campanha, segundo informações disponibilizadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).>
Foram três pagamentos realizados pela legenda comandada por Valdemar Costa Neto entre os dias 10 junho e 21 de julho, num total de R$ 3,1 milhões, quitados com dinheiro do fundo partidário.>
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Pouco antes, no mês de março, a Magic Beans, com sede em São Paulo, passou por uma reformulação. Teve seu capital social turbinado e suas atividades econômicas ampliadas.>
A empresa também foi contratada, por R$ 100 mil, pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que tenta retornar à Casa pelo PTB paulista.>
A Folha de S.Paulo mostrou na quinta-feira (15) que a campanha de Bolsonaro criou e impulsionou o Lulaflix no Google. A equipe de Lula recorreu ao TSE para tentar barrar a promoção da página e retirá-la do ar.>
A conduta fere a legislação eleitoral, dizem especialistas. Poderia haver, segundo eles, apenas o estímulo de conteúdo positivo sobre as campanhas dos próprios candidatos, sendo vedado promover material negativo contra adversários.>
O Lulaflix foi criado no dia 30 do mês passado e o domínio está registrado no CNPJ da campanha bolsonarista, embora essa informação não conste no TSE.>
O nome do responsável é Lucas Allex Pedro dos Santos, 27 anos, sócio-administrador da Magic Beans, que tem endereço no bairro da Água Branca, em São Paulo. Ele também aparece como "contato técnico" de um site oficial da campanha do mandatário, o Pelo Bem do Brasil 22.>
Santos e a Magic Beans foram procurados pela Folha de S.Paulo, mas não houve resposta. A campanha de Bolsonaro e o PL também não se manifestaram.>
Pessoas que conhecem Santos afirmaram, reservadamente, que ele nunca havia trabalhado com campanhas políticas ou políticos. O mais próximo disso foram contratos relacionados a divulgação de políticas públicas.>
Segundo esses interlocutores, o empresário comemorou o fato de ter sido contratado por uma campanha presidencial importante.>
A Magic Beans atua na produção em massa de conteúdo para a campanha de Bolsonaro e também para o PL, mas não tem ingerência sobre o teor das publicações. Tampouco cuida das redes pessoais do presidente.>
Documentos da Junta Comercial da capital paulista mostram que a empresa foi reconfigurada em março. Segundo os registros, ela tinha, até então, o nome de seu proprietário e um capital social de apenas R$ 1.000. Mudou para o novo nome e o capital social foi aumentado para R$ 150 mil.>
Também passou a ter como atividades econômicas consultoria em publicidade, suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação, atividades de consultoria em gestão empresarial.>
Pouco antes de a Magic Beans ganhar o novo status, outra empresa de publicidade ligada a Santos virou alvo de uma disputa judicial.>
Em fevereiro, ele entrou com uma ação contra Edgar Mafra, seu sócio na 380 Volts Comunicação. No processo, os dois trocam diversas acusações.>
Santos pede para ser considerado o único sócio da 380 Volts sob a alegação de que Mafra agiu contra os interesses da empresa.>
Mafra rebate e diz que Santos costumava contratar familiares e amigos e questiona a justificativa de pagamentos feitos para prestadores de serviço em Brasília, sem conhecimento do trabalho realizado.>
Ainda segundo as afirmações feitas à Justiça por seu sócio, Santos passou grande parte do ano de 2021 no Canadá estudando, período no qual ele falhou com a entrega dos trabalhos da empresa, o que causou rompimento de contratos.>
Mafra questiona a criação da Magic Beans, por esta atuar no mesmo ramo da antiga empresa e poder ser considerada uma concorrente direta no mercado.>
Fundada em 2016, a 380 Volts participa atualmente de um consórcio de empresas que mantém contrato com o BNDES, no valor de R$ 4,5 milhões.>
Procurado pela Folha, o banco informou que o grupo (Consórcio Revitaliza) o auxilia na estruturação do projeto de revitalização do Cais Mauá, em Porto Alegre (RS). O contrato foi formalizado em maio do ano passado.>
"O consórcio foi selecionado após processo competitivo do qual participaram outros 6 (seis) consórcios de empresas", afirmou o BNDES.>
De acordo com o BNDES, a participação da 380 Volts no consórcio é de 12% do contrato, com a responsabilidade de prestar o serviço de assessoria de comunicação.>
"O valor no contrato que cabe à empresa é de R$ 554.899,56. Já foram desembolsados R$ 330.900,00 pelos serviços de comunicação prestados, com último pagamento efetuado em março/22", afirmou a instituição financeira.>
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