Publicado em 1 de novembro de 2022 às 14:13
BRASÍLIA - O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, tem uma gestão marcada por crises graves, como a iniciada pelo assassinato de Genivaldo de Jesus, em Sergipe, e agora corre risco de ser preso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por colocar a corporação a serviço dos arroubos golpistas do bolsonarismo.>
Vasques foi nomeado por Jair Bolsonaro (PL) após se aproximar do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando era superintendente da corporação no Rio de Janeiro, último cargo que ocupou antes de assumir a direção da PRF.>
Na segunda (1), um dia após descumprir ordem de Alexandre de Moraes e direcionar esforços da PRF para abordar transporte público no dia da eleição, Vasques entrou novamente na mira do ministro: Moraes ameaçou prendê-lo por crime de desobediência, caso não atue para desobstruir as estradas bloqueadas por bolsonaristas inconformados com a derrota do presidente nas urnas.>
Silvinei Vasques tomou posse em abril do ano passado, dias após a nomeação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres — um dos principais aliados do presidente. Desde então, ele ajudou a consolidar uma mudança no eixo de atuação da corporação iniciada no governo Bolsonaro, priorizando operações de combate ao tráfico de drogas em detrimento da fiscalização de rodovias.>
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No domingo (30), quando a PRF descumpriu decisão do ministro e atuou para fiscalizar ônibus de transporte de passageiros, Vasques teve que ir à sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) intimado por Moraes para se explicar e prometer que ordenaria o fim das abordagens.>
Horas antes, o diretor da PRF havia pedido votos para o presidente Jair Bolsonaro pelas redes sociais. Vasques publicou uma imagem da bandeira do Brasil com as frases "Vote 22. Bolsonaro presidente". A postagem acabou apagada horas depois.>
Em seu Instagram, o inspetor acumula fotos com o presidente, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ministro da Justiça. Em uma delas, ele agradece Bolsonaro "pelos investimentos históricos na PRF" e diz que a corporação "está se transformando e fortalecendo seu processo de presença e ações por todo Brasil".>
Em uma das últimas publicações, o chefe da PRF aparece ao lado de Bolsonaro e conversando com ele no desfile de 7 de Setembro. "Obrigado ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro Anderson Torres pela oportunidade da PRF participar do Bicentenário da Independência do Brasil", escreveu.>
Em março, o inspetor recebeu a medalha de Ordem do Mérito do Ministério da Justiça -cujo objetivo, segundo o governo, é "agraciar autoridades que prestam notáveis serviços" ao ministério.>
Foi por decisão de Vasques que, no dia 3 de maio, a PRF revogou o funcionamento e as competências das comissões de direitos humanos. Menos de um mês depois, Genivaldo de Jesus Santos foi asfixiado no porta-mas de uma viatura durante uma abordagem da corporação, em Sergipe.>
Logo após o caso, a PRF soltou uma nota em que afirmava que a vítima tinha resistido ativamente à abordagem. A versão acabou desmentida por vídeos que mostraram Genivaldo rendido, com as mãos algemadas e os pés amarrados. Depois da repercussão, Vasques determinou o afastamento dos policiais envolvidos e reconheceu que o caso era grave.>
As operações da PRF neste domingo, principalmente no Nordeste do país, levaram a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a pedir a prisão do inspetor, e a prorrogação das eleições nos locais em que petistas teriam sido prejudicados.>
Após a reunião com o diretor-geral da PRF, Moraes afirmou que o horário de encerramento da votação seria mantido porque nenhum eleitor foi impedido de votar. "O prejuízo que causou aos eleitores, eventualmente, foi o atraso. Mas volto a dizer, nenhum ônibus voltou à origem", disse.>
Na PRF desde 1995, um dos últimos cargos de Vasques no Rio de Janeiro foi o de chefe de equipe em uma operação voltada para o combate ao crime organizado no estado. Ele também foi fiscal de contratos na secretaria de grandes eventos criada para a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.>
O alinhamento da PRF com o Planalto se intensificou em 2020, após Bolsonaro demitir o diretor-geral Adriano Furtado.>
O motivo da exoneração foi Furtado ter escrito, em abril daquele ano, uma nota afirmando que um agente da corporação havia morrido vítima da Covid-19. Após a demissão, Bolsonaro nomeou para o cargo Eduardo Aggio de Sá.>
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