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Debate: Lula e Bolsonaro travam embate sobre pandemia, auxílio e Orçamento

Debate: Lula e Bolsonaro travam embate sobre pandemia, auxílio e Orçamento

Os dois candidatos à Presidência se enfrentaram em encontro promovido neste domingo (16) por Band, Uol, TV Cultura e Folha de S. Paulo

Publicado em 16 de outubro de 2022 às 21:21

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) em debate pela corrida presidencial
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) em debate pela corrida presidencial. (Suamy Beydoun/ Estadão Conteúdo)

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) travaram uma queda de braço no debate deste domingo (16) em torno da condução da pandemia pelo governo federal. Outros temas que dominaram o embate entre os presidenciáveis foram o pagamento de auxílio às camadas mais pobres da população, Orçamento do governo federal, nomeação de ministros do STF, relação do Executivo com o Congresso e fake news. 

O evento deste domingo é o primeiro debate em que os dois candidatos se enfrentam durante a campanha pelo segundo turno das eleições presidenciais.  O encontro é organizado por UOL, TV Bandeirantes, TV Cultura e Folha de S. Paulo.

Logo no primeiro bloco, o petista acusou o candidato à reeleição de atraso na compra de vacinas e citou a CPI, enquanto o chefe do Executivo defendeu sua gestão e voltou a falar em tratamento precoce, comprovadamente ineficaz para o novo coronavírus.

"Vergonha é você carregar morte de 400 mil pessoas que poderiam ter sido evitadas se tivesse comprado vacina no tempo correto. A ciência fala isso todo dia. O senhor recebeu proposta de vacina muito cedo e não quis comprar porque não acreditava", declarou Lula no debate. "O senhor não se dignou a visitar uma família que morreu de covid", acrescentou.

Bolsonaro respondeu que se preocupou com cada morte no Brasil. "Todas as vacinas foram compradas pelo governo federal. Nos orgulhamos desse trabalho e salvamos vidas", declarou o candidato à reeleição.

Lula lembrou o episódio em que o adversário imitou pacientes com covid morrendo de falta de ar. "O senhor debochou, riu", afirmou o petista, que também lembrou a vacinação contra o H1N1 em seu governo.

Ao reagir, o chefe do Executivo afirmou que foi contra o "protocolo Mandetta". "A vacina não é para quem está contaminado, é para quem ainda não foi contaminado. A questão do tratamento precoce, tendo ou não comprovação cientifica, tirou-se a autonomia do médico. A história mostrará quem está com a razão", defendeu Bolsonaro.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Em fala inicial, o candidato à Presidência da República pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse há pouco ter certeza de que o Congresso irá votar uma reforma tributária "para que se possa taxar menos os mais pobres trabalhadores". A fala é em resposta à pergunta sobre de onde seria retirado o dinheiro para se fazer cumprir os planos de governos. 

"Nós provamos à sociedade brasileira que é possível a gente ter capacidade de investimento quando a gente planeja e quando a gente coloca dinheiro no lugar certo", disse. "Se você souber trabalhar, planejar, você vai ter o dinheiro para fazer as coisas", declarou o candidato.

O petista reafirmou promessa de campanha de Imposto de Renda zero para quem ganha até R$ 5 mil. "E ainda vamos ter dinheiro para fazer as políticas que nós fizemos", finalizou.

AUXÍLIO AOS MAIS POBRES

Em pergunta a respeito do Orçamento, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que vai manter a despesa do Auxílio Brasil "de forma permanente e vitalícia". Ele afirmou que a verba virá de reforma tributária.

Lula afirmou que o PT propôs um auxílio maior do que Bolsonaro havia proposto no início e que a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) do presidente prevê o pagamento somente até 31 de dezembro. Ele também defendeu a reforma tributária.

Ao mencionar o discurso de Lula (PT) de que o povo vai voltar a comer picanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o ex-presidente tem "propostas mirabolantes e mentirosas".

Ele afirmou que o Bolsa Família pagava pouco. "Se podia dar algo melhor, por que não deu lá atrás?", questionou Bolsonaro.

INDICAÇÃO DE MINISTROS DO STF

O candidato do PT se disse contra a indicação de amigos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ao classificar, no debate da TV Band, a nomeação baseada em amizade como "antidemocrática", ele afirmou que a escolha deve ter em vista competência e currículo.

A fala do petista ocorreu em resposta à jornalista Vera Magalhães, que foi alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate do primeiro turno. Diante do episódio, Lula iniciou a resposta dizendo que a jornalista não sofreria "nenhuma agressão" vinda dele.

"Não é prudente, não é democrático o presidente da República querer ter os ministros da Suprema Corte como amigos", defendeu o petista. "Você não indica ministros da Suprema Corte para votar favorável a você e te beneficiar", emendou. Para Lula, a indicação deve ter como base currículo, história e competência.

Ao falar sobre ditadura militar, Lula afirmou que uma indicação com fins pessoais "é um atraso, retrocesso que a República brasileira já conhece, e eu sou contra".

Bolsonaro respondeu à pergunta da jornalista afirmando que, no momento, o PT "tem" sete ministros no STF que foram indicados pelo partido, enquanto que ele "tem" apenas dois que foram de sua indicação. "Caso eu venha ser reeleito, eu tenho mais dois. Eu ficaria com quatro e o PT com cinco. Está feito o equilíbrio", disse.

O presidente, então, citou as anulações dos processos contra Lula feitas pelo ministro Edson Fachin, que deram ao ex-presidente a possibilidade de o petista concorrer à eleição. O ministro foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015.

"Então, o senhor só está disputando a eleição aqui por obra e graça de um amigo indicado pelo PT", finalizou Bolsonaro.

TRÁFICO E MILÍCIA

Bolsonaro e Lula trocaram acusações sobre envolvimentos com o tráfico de drogas e a milícia no primeiro debate do segundo turno. O embate começou após Bolsonaro questionar o petista sobre a não transferência de Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), para um presídio de segurança máxima durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSB), hoje candidato a vice de Lula, no Estado de São Paulo.

O ex-presidente respondeu dizendo que o adversário é "amigo dos milicianos". "Os bandidos você sabe onde tá. Tinha um vizinho seu que tinha 100 armas em casa. Acha que os grandes bandidos estão na favela. Os grandes bandidos estão em lugar dos ricos. Os pobres são trabalhadores", disse Lula, ao lembrar da ligação entre a família de Bolsonaro e Adriano da Nóbrega, chefe da milícia Escritório do Crime, morto em uma ação policial na Bahia em fevereiro de 2020.

O presidente rebateu, dizendo que Lula teve maior votação no primeiro turno em presídios e citando a visita do petista ao Complexo do Alemão, no Rio, na semana passada. "Não tinha um policial ao seu lado. Só traficante. O Marcola foi flagrado. Teve ligação telefônica grampeada. E ele diz ali que prefere o senhor do que a mim", respondeu.

"Eu não fui votado nos presídios. Eu fui votado pelo povo brasileiro. Eu tenho 6 milhões a votos a mais que você, com toda essa gastança que você fez", ironizou Lula.

CENTRÃO E ORÇAMENTO

Ao ser questionado sobre como governar sem a "compra de apoio legislativo", Lula afirmou há pouco que é necessário "lidar com o Congresso que foi eleito", representantes colocados lá pelo povo brasileiro, pontuou. Lula também declarou que tentará combater o orçamento secreto com um orçamento participativo, em uma tentativa de "diminuir o sequestro" que os partidos de centro fizeram da peça, como classificou

"Se os deputados são bons ou não, o povo brasileiro tem responsabilidade por quem indicou, e é com quem tem mandato que o governo se relaciona", disse o petista, durante o debate promovido pela Band nesta noite. Em sua resposta, o petista esquivou-se de responder sobre o mensalão.

Sobre o orçamento secreto, ferramenta criada durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) para garantir apoio legislativo, o petista disse que com o mecanismo participativo vai tentar "confrontar essa história".

O petista também disse que o Orçamento de 2023 já está pronto, mas ele ainda não sabe, caso eleito, se irá mudá-lo ou não. "Mas eu vou pegar o Orçamento e vamos mandar para o povo dar opinião para saber o que ele quer, efetivamente, para ver se a gente consegue diminuir o poder de sequestro que o Centrão fez (do Orçamento)", finalizou.

FAKE NEWS

O ex-presidente subiu o tom contra Bolsonaro após ter sido acusado de mentir. Ao falar sobre a pandemia, em que o petista criticou a demora na compra de vacinas, Bolsonaro, além de defender as ações do governo, respondeu Lula, dizendo: "Não continue mentindo, pega mal até para sua idade. Pelo seu passado não vou dizer, porque o seu passado é lamentável. Como resposta, o petista chamou o adversário de "rei das fake news" e "da estupidez".

"Mentira é você, porque os números estão ali na imprensa todo dia. Você é o rei das fake news, rei da estupidez, de mentir para a sociedade brasileira, e você mentiu sobre a vacina o tempo inteiro, negligenciou a vacina, e o Brasil hoje carrega a pecha que tem mais morte pela covid. É lamentável", disse o petista, que voltou a criticar o presidente por não visitar vítimas da doença, mas ter ido ao funeral da rainha Elizabeth II Lula também criticou as constantes falas do presidente contra a vacinação infantil.

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