Publicado em 7 de outubro de 2021 às 14:56
SÃO PAULO - O médico Walter Correa de Souza Neto disse na CPI da Covid, nesta quinta-feira (7) que os profissionais trabalhavam sobre pressão para usar tratamento não eficaz no combate à Covid na Prevent Senior e ainda denunciou diversas fraudes dentro da operadora. Ele ainda deve ser questionado se trabalhou mesmo estando infectado pelo novo coronavírus.>
Questionada, a defesa do profissional não esclarece se ele foi ou não trabalhar sabendo que estava infectado pelo novo coronavírus. >
"O Dr. Walter prestará todos os esclarecimentos necessários dentro do contexto da pergunta", disse a advogada Bruna Morato, que representa os médicos, em mensagem enviada por WhatsApp. >
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) confirmou à coluna que recebeu a informação, não confirmada, de que Walter foi trabalhar infectado. E afirmou que fará a pergunta ao médico, para que ele esclareça se isso de fato ocorreu. >
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O médico pediu, e obteve, um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) que garante a ele o direito de ficar em silêncio para não se autoincriminar no depoimento à CPI.>
Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), durante o depoimento na CPI, Souza Neto disse que não sabe a razão de não constar Covid-19 no atestado de óbito de Regina Hang. Ela era mãe do empresário Luciano Hang e ficou internada no hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior.>
Ele ainda explicou que o motivo da morte de Anthony Wong foi de fato omitido. Segundo o médico Walter Correa de Souza Neto, seria ruim para a política da empresa que todos soubessem que Wong — um pediatra e toxicologista se notabilizou por defender o "tratamento precoce" — morreu de covid-19. A testemunha, que trabalhou na empresa por 7 anos, negou ainda ter tido acesso ao prontuário da vítima de forma ilegal. >
O médico Walter Correa de Souza Neto explicou que o modelo de acolhimento da Prevent Senior era "absolutamente inadequado, talvez em alguns momentos até criminoso”. Segundo ele, o atendimento era feito por enfermeiros, que tinham acesso ao sistema de prontuários através da conta dos médicos.>
"A imposição da empresa pela agilidade induzia os médicos as vezes a simplesmente deixar o atendimento a cargo do enfermeiro e ficar rodando os consultórios para carimbar e assinar. Alguns colegas chegavam ao absurdo de fazer carimbos extras e deixar com os enfermeiros.>
O médico Walter Correa de Souza Neto relatou que a falta de autonomia dos profissionais na Prevent Senior era tanta que não tinham autonomia nem para proteger a própria vida. Ele contou que, em certa ocasião, no início da pandemia, chegou a ser obrigado a retirar a máscara para não assustar os pacientes. >
Segundo o médico, a ordem partiu da Dra. Paola, a mesma que havia dito "prescreva cloroquina pra quem espirrar. Espirrou, dá cloroquina nele", numa troca de mensagens apresentada à CPI pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na reunião de ontem. >
Walter Correa de Souza Neto disse que os médicos da Prevent Senior sabiam que o tratamento de pacientes da covid-19 com hidroxicloroquina não trazia os resultados prometidos e divulgados pela direção da operadora de saúde. Ele classificou como “fraude” o estudo desenvolvido pela empresa para justificar a prescrição da droga.>
"Essa coisa de que ninguém vai a óbito e ninguém intuba, isso já era muito claro: a gente sabia que era fraude. Além de o estudo ser muito ruim já quando foi publicado em abril, eu internava paciente que havia tomado o kit. Eu acompanhava esse paciente depois pelo prontuário durante a internação e via esses pacientes irem a óbito. Mas eles [Prevent Senior] continuaram fazendo essa política de 'evangelização' de prescrever a medicação e às vezes induziam os médicos ao erro também", afirmou.>
Com informações da Agência Folha e do Senado>
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