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Cotada para ministra da Saúde, Ludhmila Hajjar vai na contramão de crenças bolsonaristas

Cotada para ministra da Saúde, Ludhmila Hajjar vai na contramão de crenças bolsonaristas

Por mais de uma vez, a médica já afirmou, acompanhando entidades internacionais e as melhores evidências científicas atualmente, que a cloroquina não tem eficácia contra a Covid-19

Publicado em 15 de março de 2021 às 07:26- Atualizado há 3 anos

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Ludhmila Abrahão Hajjar, cardiologista do Incor, cotada para ser ministra da Saúde
Ludhmila Abrahão Hajjar, cardiologista do Incor . (Reprodução/Instagram)

Ludhmila Abrahão Hajjar, cardiologista do Incor e da rede de hospitais Vila Nova Star, é, mais uma vez, um dos nomes cotados para o Ministério da Saúde, com a saída iminente de Eduardo Pazuello. A médica, contudo, é crítica de posturas defendidas e difundidas durante a pandemia pelo ministério e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Por mais de uma vez, a médica já afirmou, acompanhando entidades internacionais e as melhores evidências científicas atualmente, que a cloroquina não tem eficácia contra a Covid-19. A droga é continuamente defendida por Bolsonaro e também indicada pelo Ministério da Saúde, que chegou a fazer um aplicativo que orientava o uso da droga até para bebês.

À Folha, em abril de 2020, a cardiologista afirmou: "Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é". Desde então, as evidências mostrando a falta de efeito da droga contra a Covid se acumularam.

"Não podemos tratar as pessoas com base em ideologias. A cloroquina, por exemplo, que foi extremamente ideologizada no início da pandemia, não serve para a Covid-19. Está completamente comprovado cientificamente", afirmou no programa Pânico, da Jovem Pan, no fim de novembro.

"É uma medicação excelente para tratar outras doenças, mas os estudos mostraram que, tanto a hidroxicloroquina, quanto a cloroquina, não possuem eficácia na prevenção e no tratamento do coronavírus."

Em entrevista ao Jornal Opção, em março de 2021, a médica foi ainda mais dura, associando a persistência na ideia de um suposto tratamento precoce (que não existe até o momento), à ignorância profissional de parte da classe médica e a pessoas tentando se promover e ganhar clientes em um momento de sofrimento.

"Imagine se só o Brasil teria a cura dessa doença! Só os instagrammers, tuiteiros e os youtubers brasileiros saberiam como tratar a fase precoce. Isso é uma vergonha internacionalmente discutida", afirmou ao jornal. "Sabemos que cloroquina não funciona há muitos meses, que azitromicina não funciona há muitos meses, que ivermectina não funciona há muitos meses."

A ivermectina e azitromicina são outras drogas defendidas pelo presidente e indicadas, apesar de não mostrarem resultados contra a doença em estudos, pelo ministério.

Recentemente, a Merck (MSD, no Brasil), farmacêutica desenvolvedora da ivermectina, veio a público afirmar que a droga não tem evidência de eficácia contra a Covid.

A médica também se mostra favorável às políticas de distanciamento e isolamento social, outro tema no qual Bolsonaro contraria autoridades científicas e de saúde. Desde o início da pandemia, o presidente incentiva que as pessoas levem uma vida normal em meio à pandemia, minimiza a doença, burla protocolos de saúde --como uso de máscara-- e provoca aglomerações.

"O Brasil fez tudo errado. O Brasil isolou de uma maneira heterogênea, cada cidade e estado de uma maneira. No momento hora apropriado, hora inapropriado. Deixou a população com informações muitas vezes equivocadas. Não investiu em testes, testou um número muito menor do que deveria ter testado", disse à médica, em entrevista ao Pânico.

A médica também já defendeu medidas mais rígidas de distanciamento para conter momentos da pandemia que estejam fora do controle.

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Em maio de 2020, quando o Brasil vivia um crescimento da transmissão --mas em um momento muito menos grave do que o atual--, Hajjar afirmou à CNN Brasil: "Estamos vivendo um momento de estresse total do sistema de saúde e de um número progressivamente elevado, portanto, o que nós podemos fazer hoje, é apertar nas medidas de isolamento. Então, infelizmente, em alguns estados e regiões, o lockdown tem que ser adotado como a medida mais severa, mas capaz de tentar conter a transmissão da epidemia e adequar o sistema de saúde".

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