Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 08:42
Em março de 2019, o Festival Brasileiro de Cerveja em Blumenau, que abriga o mais prestigiado concurso do gênero do país, coroou a Backer como a melhor cervejaria de grande porte do país.>
Fábricas de porte fábricas têm produção acima de 100 mil litros por mês, e os mineiros já haviam superado o número de 800 mil depois de uma ampliação em 2018.>
Menos de um ano depois da consagração, a Backer vive seu pior momento com o caso da contaminação por dietilenoglicol, que levou a 18 casos confirmados de intoxicação, incluindo quatro mortes.>
Depois de uma entrevista coletiva neste ano, a empresa passou a falar apenas por meio de comunicados oficiais via assessoria de imprensa.>
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Em seu site, uma declaração se limita a informar que o foco "está nos pacientes e seus familiares" e que "prestará o suporte necessário, mesmo antes de qualquer conclusão". Também avisa que continua colaborando com as investigações ao mesmo tempo em que solicitou uma perícia independente.>
Em sua defesa, a cervejaria diz que nunca comprou o dietilenoglicol para usar como anticongelante --toda cervejaria utiliza um anticongelante na produção, muitas uma solução à base de etanol.>
Mas isso importa menos. A grande questão continua sem resposta: como é que o anticongelante entrou em contato com o líquido no processo de produção, contato esse que causou a contaminação?>
O episódio trágico não aconteceu com uma cervejaria qualquer. A Backer é das mais respeitadas e antigas do setor no país, fundada em 1998.>
Vários dos mais de 20 rótulos de seu portfólio passaram com sucesso por São Paulo.>
Adeptos paulistas de cervejas artesanais devem ter experimentado alguma da série Três Lobos, como a Exterminador, uma cerveja de trigo com capim-limão, ou a Pele Vermelha, uma american IPA com raspas de laranja (que teve um lote contaminado com o dietilenoglicol).>
Também foi bem-sucedida por aqui a série Mafiosas, que inclui a red ale Corleone, outro rótulo contaminado. A Belorizontina não era vendida em São Paulo.>
Com a fábrica ainda fechada pelo Mapa e com todos os rótulos recolhidos, a cervejaria da marca ao lado da fábrica, no bairro Olhos d'Água em Belo Horizonte, quase fronteira com Nova Lima, estava aberta normalmente na sexta-feira (17), ou quase normalmente. >
Pratos do cardápio que usam algum rótulo da empresa na execução eram vendidos apenas na versão "sem álcool".>
A única bebida alcoólica produzida pela Backer comercializada eram drinques à base do uísque Três Lobos ou do gim Lebbos, destilados que entraram para o portfólio da empresa em 2018.>
Mesmo no final da tarde do início do fim de semana, quando os bares estão cheios, o Templo Cervejeiro (nome da casa) estava praticamente vazio.>
Na lojinha ao lado do bar-restaurante, rótulos estavam expostos, mas a funcionária avisava que ainda não podia vendê-los e esperava que a situação fosse revertida. Novamente, apenas uísque e gim, entre as bebidas alcoólicas, podiam ser comercializadas.>
Em bares especializados de Belo Horizonte, o clima é de apreensão. Em uma das principais casas de cerveja artesanal da avenida do Contorno, o proprietário recolheu cerca de 30 caixas com títulos da Backer. >
Para ele, mesmo que a empresa consiga uma liminar para voltar a operar, "quem compraria uma cerveja Backer agora?">
Em outro bar na Pampulha, cuja carta de chopes oferecia apenas opções da Backer, o garçom oferecia de cabeça as novas versões da Verace, outra marca mineira. Para ele, o bar deveria voltar a comercializar as cervejas da Backer tão logo ocorra a liberação.>
"Não tenho dúvida de que a Backer tem plenas condições de recuperar o mercado. São empreendedores comprometidos", diz Carlo Lapolli, presidente da Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal).>
Para ele, o importante agora é que a empresa siga auxiliando as investigações e, sobretudo, tenha transparência com o consumidor.>
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