Publicado em 11 de maio de 2022 às 15:28
O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (11) que monitora 28 casos suspeitos de uma misteriosa hepatite que afeta especialmente as crianças. Além das duas investigações no Espírito Santo já divulgadas anteriormente em A Gazeta, casos estão sob análise nos Estados de São Paulo (8), Rio de Janeiro (7), Minas Gerais (4), Paraná (3), Pernambuco (2) e Santa Catarina (2).>
"Os casos seguem em investigação. Os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde e a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar monitoram qualquer alteração do perfil epidemiológico, bem como casos suspeitos da doença", informou o Ministério da Saúde. A pasta ainda disse que profissionais de saúde devem notificar as suspeitas imediatamente.>
A ocorrência em crianças saudáveis é considerada incomum pelas agências de saúde e especialistas. Isso porque nenhum dos vírus causadores da doença foi detectado nos pacientes. >
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções virais e até o consumo excessivo de álcool, assim como alguns medicamentos e substâncias tóxicas. Existem cinco vírus conhecidos que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Além destes cinco, há a hepatite autoimune, em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca o fígado.>
>
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou na terça-feira (10) que foram registrados 348 casos prováveis de uma misteriosa hepatite. "Na última semana ocorreram alguns avanços importantes com as pesquisas adicionais e alguns refinamentos das hipóteses de trabalho", disse, em entrevista coletiva, Philippa Easterbrook, do programa mundial da OMS sobre a hepatite. "Atualmente, as principais hipóteses são as que envolvem o adenovírus, e também continua sendo importante o papel da Covid", declarou.>
A OMS foi notificada pela primeira vez em 5 de abril sobre 10 casos na Escócia em crianças com menos de 10 anos.>
Depois do aparecimento dos primeiros casos nos Estados Unidos, as autoridades de saúde do país chegaram a relacionar a doença misteriosa ao adenovírus 41, um tipo de vírus comum de resfriados, que provoca problemas respiratórios, conjuntivite ou problemas digestivos em crianças. A maioria das pessoas é infectada antes dos cinco anos de idade.>
No entanto, essa hipótese foi descartada logo que as investigações demonstraram que nem todas as crianças doentes tinham sido infectadas pelo vírus. Segundo a OMS, de 169 casos incluídos em um relatório recente, pelo menos 74 tiveram infecção por adenovírus, sendo apenas 18 pelo adenovírus 41.>
Outra suspeita que foi descartada, pelo menos como causa principal da hepatite, é a Covid-19. O mesmo relatório da OMS apontou que apenas 20 dos 169 pacientes identificados testaram positivo para coronavírus. Nem mesmo a vacina contra a Covid pode ser considerada, uma vez que a maior parte das crianças não chegou a receber o imunizante.>
Na verdade, a falta de informações é o principal obstáculo para a identificação do causador da doença. Segundo João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, qualquer fator pode desencadear uma nova doença.>
"A síndrome de Reye, por exemplo, acontece depois de uma gripe ou catapora e provoca hepatite e encefalite. Mas ela só ocorre quando o paciente toma aspirina. Não é a influenza nem a varicela, mas é a influenza ou a varicela mais a aspirina que provoca a síndrome. Às vezes é uma soma de fatores, por isso que dificulta um pouco o entendimento", explica Prats.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta