Publicado em 25 de abril de 2022 às 10:17
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesse domingo (24) que as Forças Armadas têm sido "orientadas" a atacar o processo eleitoral brasileiro.>
Sem mencionar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o magistrado, que é um dos principais alvos de ataques do chefe do Executivo, disse que há um esforço para levar as Forças Armadas ao "varejo da política" e que isso seria uma "tragédia" para a democracia.>
"Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?", questionou.>
O ministro, porém, elogiou o Exército e disse que não houve qualquer "notícia ruim" sobre a instituição desde a redemocratização.>
>
Barroso citou o desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios no dia da votação da proposta que visava instituir o voto impresso no país, que acabou sendo derrotado e era criticado por ministros do STF.>
"Um desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória. Ataques totalmente infundados e fraudulentos ao processo eleitoral", disse.>
As declarações do ministro foram dadas no "Brazil Summit Europe 2022", em evento realizado por uma universidade da Alemanha.>
Quando era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Barroso travou diversos embates contra Bolsonaro e foi o responsável por convidar, no ano passado, as Forças Armadas a participarem de uma comissão de acompanhamento das eleições a fim de dar transparência ao sistema eletrônico de votação.>
Quando comandou a corte eleitoral, o magistrado liderou uma série de medidas para se contrapor a Bolsonaro em relação aos ataques à urna eletrônica. O magistrado demonstrou otimismo em relação ao comportamento do Exército.>
"Tenho a firme expectativa de que as Forças Armadas não se deixem seduzir por esse esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de Estado, que é o universo da fogueira das paixões políticas. E, até agora, o profissionalismo e o respeito à Constituição têm prevalecido", disse.>
O magistrado citou generais que participaram do governo Bolsonaro.>
"Não se deve passar despercebido que militares profissionais admirados e respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz, general Maynard Santa Rosa, o próprio general Fernando Azevedo. Os três comandantes, todos, foram afastados. Não é comum isso, nunca tinha acontecido", completou Barroso.>
O ministro disse que há uma ascensão do "populismo" no mundo e afirmou que os ataques a cortes constitucionais não se restringem ao Brasil.>
Barroso mencionou, ainda, o risco de haver um retrocesso na democracia brasileira. "É preciso ter atenção a esse retrocesso cucaracha de voltar à tradição latino-americana de colocar Exército envolvido com política", disse.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta