O Espírito Santo possui um elevado grau de integração ao comércio exterior, com um índice de abertura comercial que supera a média nacional. Segundo o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em 2024 o coeficiente de abertura comercial do estado foi 2,33 vezes maior que o da média brasileira. Esse desempenho decorre de sua vocação logística, destacando-se a estrutura portuária, que avança em um processo de modernização e expressiva expansão.
A partir da Lei dos Portos houve um impacto significativo nos investimentos na infraestrutura portuária capixaba, impulsionados pela privatização da Codesa e pelos investimentos anunciados pela Vports. Somam-se a isso os aportes realizados nos portos de Tubarão, Portocel e Ubu, além dos projetos em andamento, como a construção do porto da Imetame em Aracruz e o projeto do Porto Central em Presidente Kennedy.
A estruturação do ParklogES representa uma nova etapa para a logística estadual. Trata-se de uma aliança cooperativa público-privada que promove a integração de ativos e serviços logísticos de alta eficiência, com impacto direto em dez municípios. O ParklogES foi concebido para atender à crescente demanda nacional de escoamento da produção destinada ao comércio internacional.
No ranking de competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP), o Espírito Santo ocupa a segunda colocação no pilar infraestrutura. Contudo, aparece em sexto lugar no indicador de qualidade das rodovias — embora com evolução expressiva, já que em 2025 o estado subiu seis posições nesse quesito.
O Governo Estadual tem atuado de forma consistente nessa área. No final de 2024 foram anunciados investimentos da ordem de R$ 1 bilhão em rodovias e edificações. O Programa de apoio a Investimentos de Infraestrutura de Rodovias do Estado do Espírito Santo (Proinfra), com recursos do BNDES, prevê R$ 630 milhões em obras de rodovias estaduais.
Além disso, o governo desempenhou papel decisivo na renovação da concessão da BR 101, que prevê aportes de R$ 10,3 bilhões e a duplicação de 172,8 km da rodovia. No caso da BR 262, serão destinados R$ 2,3 bilhões, oriundos do acordo de Mariana, para a duplicação da subida. Também está previsto o investimento de R$ 1 bilhão, do mesmo acordo, para viabilizar a duplicação de 60% da BR 259.
No modal ferroviário, destaca-se o anúncio da construção de um ramal ligando Santa Leopoldina a Anchieta, pela Vale, como contrapartida à renovação da concessão da ferrovia Vitória-Minas. Soma-se a isso o projeto da EF-118, um traçado de 575 km que conectará os portos capixabas ao Rio de Janeiro.
Com a reforma tributária e a consequente extinção dos benefícios fiscais oferecidos pelo Estado, o Espírito Santo precisará de uma estratégia robusta em logística. A localização privilegiada, somada à infraestrutura em expansão, posiciona o estado como um dos principais hubs logísticos do país. No Plano ES 500, a infraestrutura portuária, ferroviária, rodoviária e aeroportuária é tratada como agenda estratégica para o futuro.
Entretanto, ainda há uma questão crucial: a ligação dos portos capixabas à região Centro-Oeste. O Governo do Estado, em parceria com entidades empresariais, apresentou uma proposta no processo de renovação da Ferrovia Centro-Atlântica. O projeto inclui a construção de um anel ferroviário em Belo Horizonte e de um trecho entre Vespasiano e Itabira, para conexão com a Vitória-Minas. Além disso, há um projeto de melhoria na ligação do município de João Neiva ao litoral de Aracruz (ramal Piraqueaçu), completando a integração com o ParklogES.
Na proposta apresentada à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o contorno de Belo Horizonte não aparece como investimento obrigatório, mas condicionado a gatilhos de demanda. Estão previstos R$ 20 bilhões em investimentos obrigatórios, dos quais R$ 9 bilhões destinados à ligação com a Bahia. Já a proposta capixaba teria um custo aproximado de R$ 2 bilhões. É injustificável que, por apenas 10% do valor total previsto, se deixe de conectar a ferrovia aos portos mais modernos do país.
A ligação com o Centro-Oeste poderia atrair, inicialmente, cerca de 12 milhões de toneladas anuais de carga para o Espírito Santo. Estamos articulando, em conjunto com Minas Gerais, uma força-tarefa para garantir a inclusão do contorno de Belo Horizonte. Se essa ligação é estratégica para o Espírito Santo, é ainda mais fundamental para o Brasil, que precisa ampliar sua participação no comércio internacional e elevar sua produtividade.
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Como diz o provérbio chinês: “Vitória sem luta é triunfo sem glória”. E nós nunca deixaremos de lutar pelas causas que fortaleçam o futuro do Espírito Santo e assegurem a prosperidade dos capixabas.
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