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Vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo

Vamos trabalhar com o que há de melhor em nós

Não há quem não tenha sido abalado com a calamidade que se abateu sobre o Rio Grande do Sul e os gaúchos. A imprensa, cumprindo seu papel, nos trouxe cotidianamente imagens e depoimentos comoventes

  • Ricardo de Rezende Ferraço Vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo
Publicado em 25/05/2024 às 03h00

A tragédia do Rio Grande do Sul colocou em pauta a emergência de uma série de assuntos. Da questão climática em si, até a condenação de notícias falsas, passando por repensar as nossas cidades e pela reorganização dos serviços públicos, que enfrentarão novas demandas daqui para frente.

Sem falar das questões ligadas à estabilidade econômica, que pode ser pressionada por aumento dos gastos necessários à reconstrução, e pelo desenho dos programas destinados a apoiar famílias e empresas, e da relação entre governo federal, governos estaduais e prefeituras neste momento. E tudo isso num ambiente marcado por uma forte carga emocional.

Não há quem não tenha sido abalado com a calamidade que se abateu sobre o Rio Grande do Sul e os gaúchos. A imprensa, cumprindo seu papel, nos trouxe cotidianamente imagens e depoimentos comoventes. De dor e de resistência. Perdas de vidas, famílias desabrigadas, prejuízos materiais, somados à dificuldade e à angústia de garantir socorro apesar dos problemas de locomoção e das condições climáticas.

Para nós capixabas é particularmente marcante, pois há dois meses enfrentamos um evento climático extremo no Sul do Estado e ainda convivemos com o drama.

E não bastasse, tomamos conhecimento de centenas de notícias sobre roubos, insegurança nos abrigos, informações falsas sobre doações e golpes na internet contra pessoas dispostas a ajudar. Um ambiente no qual a indignação pode acabar sendo má conselheira.

Só uma coisa supera tudo isso. O enorme movimento de solidariedade que varreu de Norte a Sul o Brasil e o próprio Rio Grande do Sul. A revelação, mais uma vez, de que a boa vontade do brasileiro, a disposição de fazer o bem e ajudar o próximo é muito grande. E de que é uma força mobilizadora capaz de ajudar a moldar nosso futuro.

O envolvimento foi generalizado. Além da pronta mobilização do governo federal, e do apoio de praticamente todos os estados, diversas empresas privadas e organizações sociais se engajaram direta ou indiretamente no socorro. O Congresso Nacional aprovou um conjunto de medidas para facilitar a transferência de recursos ao estado. Assistimos ao engajamento de incontáveis voluntários, de artistas e à dedicação excepcional de profissionais de diversas áreas, especialmente militares, bombeiros e profissionais de saúde. A corrente de solidariedade também envolveu, numa intensidade inédita, o socorro aos animais.

Como dissemos anteriormente, a tragédia gaúcha trouxe diversos assuntos para a ordem do dia. Mas o exemplo da solidariedade pode servir como um guia para o enfrentamento das tarefas de reconstrução e mesmo para o enfrentamento de complexas questões do nosso país e do mundo. Temas que exigem cooperação e busca de diálogo e entendimento.

Se somos pródigos na colaboração e enormes no apoio ao próximo, podemos conduzir o enfrentamento das grandes questões nacionais e mundiais, por um caminho de menor polarização. No caso da reconstrução das cidades gaúchas, o engajamento de todos e a união nesta fase de socorro sinalizam que para certas questões só há um lado – a necessidade e o bem comum.

Guarnição composta por 12 bombeiros e um cão de busca e resgate do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) chegou ao Rio Grande do Sul e já se apresentou ao comando local no sábado (18)
Nova guarnição composta com bombeiros e um cão de busca e resgate do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) chegou ao Rio Grande do Sul e já se apresentou ao comando local no sábado (18). Crédito: Divulgação CBMES

Destoando assistimos a dois movimentos. De um lado, a disseminação de notícias falsas, sobre recusa de ajuda internacionais ou da atuação de órgão e agentes públicos gerando entraves para a chegada de socorro e a ação de voluntários. Um movimento claro de politizar a tragédia e de desgastar principalmente o governo federal.

Na outra ponta, na criação da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, a nomeação de um político do PT com notórias pretensões políticas para comandá-la põe em risco a própria reconstrução. As providências e os programas até aqui anunciados pelo governo federal são excelentes e apontam na direção correta. Mas a apropriação política da ajuda pode transformar em disputa o que deveria ser colaboração federativa, além de usurpar as atribuições de um governador eleito.

No caso cabe a pergunta: se a catástrofe tivesse ocorrido num estado governado pelo PT, o governo federal faria o mesmo? O risco é a substituição de uma relação federativa saudável por uma forma de aparelhamento da tragédia para benefício partidário. Uma forma de patrimonialismo sobre o interesse público, que ultrapassa o limite do razoável.

Aqui no Espírito Santo, em nenhum momento o trabalho de reconstrução do Sul do Estado foi contaminado por qualquer viés que pudesse levar a tratamento desigual entre prefeitos de diferentes colorações partidárias. O foco foi e será a recuperação e o bem-estar da população.

A reação solidária e unânime à tragédia do Rio Grande do Sul reforça minha percepção otimista no ser humano. Vamos trabalhar com o que há de melhor em nós.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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