Manoel Goes Neto*
A doação do Clube de Regatas Saldanha da Gama, no Forte São João, ao Serviço Social do Comércio no ES (Sesc), através de lei sancionada pelo prefeito Luciano Rezende, em dezembro de 2018, foi amplamente divulgada pela imprensa. No local, estavam previstas obras de implantação do Museu da Colonização e Imigração do Espírito Santo.
Edificado no período colonial para proteger a cidade dos invasores, o Forte São João teve papel imprescindível para a defesa da Capitania do Espírito Santo, principalmente quando a donatária Luísa Grinalda, em 1592, derrotou o corsário inglês Thomas Cavendish, temido em todo o mundo, mas sucumbido pela determinação do povo capixaba.
Estive na solenidade de entrega do termo de doação, onde foi informado que, o mais breve possível, seria realizada a transferência do imóvel e iniciada a elaboração do projeto de recuperação, preservando a arquitetura, que é tombada como patrimônio histórico.
“Em dois anos, as obras propostas estariam concluídas, contemplando elevador panorâmica com vista para a Baía de Vitória, dando mais atratividade turística ao imóvel, além de espaço para restaurante e atividades culturais”, afirmou o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri. A fala nos deixou motivados e confiantes, devido à credibilidade do Sistema S.
Em seu discurso, o prefeito de Vitória disse que a doação era muito importante para a revitalização do Centro. “O Centro precisa ser revitalizado com cultura, gastronomia e atividades históricas para que o local possa reviver. Esse é um esforço de revitalização dos mais importantes”, afirmou Luciano. Seriam mais de 4 mil m2 de área utilizados, em local privilegiado do Centro Histórico da Capital. Estranhamente, desde o final de abril a Fecomércio já tinha comunicado à prefeitura sobre a impossibilidade de assumir o projeto de cerca de R$ 4 milhões.
O Museu da Colonização é um sonho de toda a classe artística e cultural capixaba, mostrando aos visitantes e moradores a nossa formação étnica. Tudo seria documentado em um espaço interativo para que os visitantes tenham conhecimento da rica história do Espírito Santo, e das dificuldades que tivemos que superar até o início do século XVIII.
Lamentavelmente, se cumpriu a promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes, antes mesmo de assumir a pasta, quando chegou a declarar que “iria meter a faca” no “Sistema S”, com cortes substanciais no órgão. Essa insegurança gera o temor nas modificações das regras de financiamento para projetos culturais, fazendo com que o Sesc desistisse de assumir o espaço e aguarde os próximos capítulos sobre o futuro dos investimentos, haja vista o risco de cortes no orçamento da entidade. Mais uma vez a cultura é preterida, e não será dessa vez que o nosso sonho se tornará realidade.
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*O autor é presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha e diretor no IHGES
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