Quando foi a última vez que você foi ao oftalmologista para uma consulta de rotina, sem estar sentindo nada nos olhos? Pode parecer uma pergunta simples, especialmente se você tem boa visão e não precisa de nenhum cuidado específico. Mas o que muita gente não sabe é que os principais problemas oculares que levam à cegueira evoluem silenciosamente. Quando os sintomas aparecem, muitas vezes já é tarde demais.
Neste Dia Mundial da Saúde Ocular, celebrado em 10 de julho, quero te lembrar que cuidar da sua visão vai muito além de enxergar com nitidez. A visão está diretamente ligada à nossa qualidade de vida. Cerca de 80% das informações que o cérebro processa chegam pelos olhos. É por isso que enxergar bem significa viver com mais segurança, autonomia e bem-estar.
E o cuidado essencial é mais simples do que parece: visitar o oftalmologista com regularidade. A consulta de rotina não serve apenas para avaliar se você precisa de óculos. Ela permite identificar precocemente doenças que, quando diagnosticadas no início, têm maiores chances de tratamento e controle. Em muitos casos, é possível evitar a perda parcial ou total da visão.
Apesar de simples, a consulta regular ainda não faz parte da vida do brasileiro. Uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Oftalmologia mostrou que 11,4% dos entrevistados nunca foram ao oftalmologista e 35% só o procuravam quando havia algum sintoma ocular ou visual. Outros 29,5% estavam há mais de dois anos sem uma consulta. Por outro lado, mais da metade dos entrevistados declarou ter algum problema de visão, entre eles catarata (9,9%) e glaucoma (4,6%), as principais causas de cegueira no mundo.
Os dados são um grande alerta para a população. Hoje, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), mais de 1,5 milhão de pessoas vivem com cegueira no Brasil. Já o IBGE aponta que 6,6 milhões de pessoas têm algum grau de deficiência visual. O mais alarmante é que cerca de 90% desses casos poderiam ser prevenidos ou tratados com acompanhamento médico.

Quando a visão falha, os problemas vão muito além do campo visual. Há impactos na mobilidade, no rendimento do trabalho, na qualidade de vida e até na saúde emocional, como ansiedade e depressão. Em crianças e adolescentes, problemas de visão não diagnosticados podem prejudicar o desenvolvimento escolar e afetar a autoestima.
Prevenir é enxergar longe. Cuidar da saúde dos olhos deve ser um hábito contínuo em todas as fases da vida, mesmo sem sintomas. Além da realização de consultas anuais com o oftalmologista, é importante ficar atento a sinais como vista embaçada, olhos vermelhos, sensibilidade à luz, lacrimejamento, visão dupla, dor de cabeça constante e dificuldade para enxergar à noite.
Não deixe a vida ir perdendo cor. Porque a visão não é apenas um sentido. É mais que ver, é viver.
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