Autor(a) Convidado(a)
São advogados do escritório Machado, Mazzei & Pinho Advogados

Recuperação judicial vai muito além de um simples respiro jurídico

A legislação atual oferece ferramentas modernas que aumentam a chance de sucesso dessas recuperações

  • Luciana Carvalho Dal Piaz e Highor Eduardo Dutra São advogados do escritório Machado, Mazzei & Pinho Advogados
Publicado em 06/08/2025 às 11h45

Diante do atual contexto econômico nacional marcado pela persistente instabilidade fiscal, juros altos e desafios setoriais diversos, o empresariado brasileiro tem buscado caminhos jurídicos inteligentes para manter suas operações viáveis.

Nesse cenário, a recuperação judicial se mostra como instrumento estratégico não apenas para evitar a falência, mas também como um importante mecanismo para reorganizar negócios em dificuldade e atrair investimentos em ativos de empresas em crise, os chamados “distressed assets”.

Na prática, essas operações envolvem empresas que, mesmo enfrentando problemas na sua estrutura financeira, ainda possuem ativos valiosos, boa presença no mercado ou potencial para voltar a crescer. Setores como infraestrutura, indústria pesada e agronegócio têm se destacado com oportunidades nesse tipo de reestruturação. Em vez de deixar essas empresas quebrarem e perderem valor, a lei permite que elas passem por um processo organizado, com apoio da Justiça e boa governança.

A legislação atual oferece ferramentas modernas que aumentam a chance de sucesso dessas recuperações. Entre elas estão:

  • O DIP financing, um tipo de financiamento que dá prioridade ao novo investidor, garantindo mais segurança para quem injeta dinheiro na empresa em crise;
  • A possibilidade de vender ou arrendar partes da empresa (as chamadas Unidades Produtivas Isoladas – UPIs) sem que o comprador herde dívidas antigas;
  • E um tratamento especial a certos credores que são essenciais para a retomada da empresa.

Essas ferramentas tornam a recuperação judicial um ambiente mais atrativo para quem quer investir de forma estruturada em empresas com potencial de recuperação.

É fundamental superar a ideia de que recuperação judicial é sinal de má gestão ou falência iminente. Na verdade, ela é um instrumento sofisticado de reorganização empresarial, amplamente utilizado em mercados maduros, e que começa a ganhar espaço e respeito também no Brasil. Com isso, surgem investidores especializados nesse tipo de operação, que atuam com profissionalismo, foco em resultados e visão de longo prazo.

Cresce em mais de 200% número de pedidos de recuperação judicial no ES
Processos de recuperação judicial. Crédito: Pexels

Quando bem conduzida, a recuperação judicial vai muito além de um simples “respiro jurídico”. Ela pode ser uma verdadeira estratégia de transformação, gerando benefícios para a economia, os trabalhadores e o ambiente de negócios como um todo.

Em tempos de crédito caro e escasso, inflação resiliente e necessidade urgente de inovação empresarial, a recuperação judicial pode ser a engrenagem que movimenta a virada de chave de empresas em crise.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Direito empresas Negócios Jurídico Recuperação judicial

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.