As marcas da violência não se limitam aos hematomas. Em muitos casos, elas rompem ossos, destroem estruturas, apagam traços, e silenciam vozes. O caso recente da mulher agredida pelo namorado em Natal, que teve o rosto completamente desfigurado, escancara uma realidade cruel: a da violência que deforma o corpo, compromete funções essenciais à vida e apaga a identidade de quem sofre.
Em situações como essa, a cirurgia bucomaxilofacial reconstrutora torna-se mais do que uma alternativa, é uma necessidade. Trata-se de um procedimento fundamental para restaurar funções como a mastigação, a fala, a respiração e até mesmo o piscar dos olhos, muitas vezes prejudicadas por fraturas múltiplas em estruturas delicadas da face. Quando a agressão atinge o rosto, é preciso intervir de forma técnica, precisa e cuidadosa.
A face humana é composta por ossos como a mandíbula, maxila, zigomático e estruturas como as órbitas oculares. Em um trauma facial severo, como o da vítima de Natal, esses elementos podem ser deslocados, fraturados ou até pulverizados. O tratamento exige o reposicionamento desses ossos, uso de placas e parafusos de titânio, além de enxertos em casos mais complexos. A atuação de um cirurgião bucomaxilofacial experiente é determinante para o sucesso do procedimento.
A cirurgia também é o primeiro passo de um processo de reabilitação multidisciplinar. Envolve não apenas a reconstrução física, mas o acolhimento emocional. A mulher que sofreu uma agressão como essa não precisa apenas de pontos ou cicatrizes tratadas. Precisa de apoio psicológico, orientação nutricional, acompanhamento fisioterápico, para lidar com traumas tão profundos.
A cirurgia bucomaxilofacial exerce um papel essencial na reabilitação de pacientes que sofreram traumas faciais, contribuindo para a devolução da função, da estética e da qualidade de vida.
Esse tipo de reconstrução representa mais do que a correção de fraturas: é a tentativa de devolver a uma mulher a chance de se reconhecer no espelho e de voltar a viver com dignidade. É uma resposta técnica, ética e social à violência que a atingiu, e que tantas outras enfrentam todos os dias no Brasil.
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