Autor(a) Convidado(a)
É associada I do Instituto Líderes do Amanhã

Por que devemos confiar no mercado?

Por mais sedutor que seja atribuir ao Estado o dever de promover igualdade de oportunidades, isso não é possível na prática

  • Anna Luiza Guerzet É associada I do Instituto Líderes do Amanhã
Publicado em 23/09/2021 às 14h00
Dinheiro do auxílio emergencial
Como não há qualquer incentivo para que haja desenvolvimento, é preciso confiar com a boa-vontade das pessoas. Crédito: Silmara Gonçalves

A ideia de intervenção estatal para equilibrar os problemas da sociedade é bastante atrativa. Ora, nós temos desequilíbrios na vida em sociedade: o trabalho de uns é mais valorizado que o de outros, portanto, esses recebem contraprestação financeira maior em troca do trabalho e, por consequência, desfrutam de uma vida mais abundante.

Os que ganham mais pagam escolas melhores aos filhos, podem proporcionar mais experiências culturais, livros e, novamente, por consequência, os filhos terão mais oportunidades de enriquecer ao longo da vida.

Então, numa visão superficial, a resposta óbvia que vem à mente é: vamos inserir a intervenção estatal nessa equação para que este ente possa equilibrar a balança, propiciando mais oportunidades para todos, de forma que aqueles que não possuem pais com condições de arcar com boas escolas e experiência melhores também tenham condições de desfrutar das oportunidades. Sem dúvidas, trata-se de um cenário sedutor: a possibilidade perfeita de gerar equilíbrio na balança e promover condições semelhantes.

No entanto, por mais sedutor que seja atribuir ao Estado o dever de promover igualdade de oportunidades, isso não é possível na prática. O objetivo desta constatação, naturalmente, não é que o pobre se lasque; também não desconsidera as dificuldades da vida de quem não teve oportunidades. Em verdade, trata-se de aceitar a realidade e lidar com ela: o Estado não é capaz de, artificialmente, corrigir desequilíbrios.

Essa impossibilidade de corrigir desequilíbrios de forma artificial, ou seja, com um ato de intervenção que altere a ordem natural, pode ser visualizada de várias óticas. Vamos a uma dela: a falta de interesse de agir. Por exemplo, você concorda que, para que haja investimento público em educação, é preciso contar com a boa-vontade do governo para isso? É preciso que alguém, uma pessoa física como nós, munida da função pública, decida destinar recursos à educação.

E o que essa pessoa ganha com isso? Qual é o interesse envolvido? Nenhum, pois há pouco mecanismo de incentivo no poder público. Tudo bem, eu sei que políticos têm interesse eleitoreiro. Mas muito do que é feito pelo governo não está nas mãos dos políticos, mas sim de servidores, que não recebem nenhum centavo a mais por fazer um bom trabalho. Como não há qualquer incentivo para que haja desenvolvimento, é preciso confiar com a boa-vontade das pessoas. Você confia? Eu não.

Por isso, confie no mercado. O mercado tem interesse em prosperar e gerar melhoras reais na vida das pessoas. Sempre haverá alguém interessado em prestar um serviço de qualidade, se o resultado daquela prestação de serviço for o lucro. Parece cruel e mesquinho: “Você quer vincular tudo ao dinheiro?”. A resposta é sim, pois no dinheiro eu confio. Sei que terá alguém interessado em fazer aquilo bem-feito, já que, fazendo bem-feito, será devidamente remunerado para isso. E quanto melhor fizer, melhor remunerado será. Só confie no mercado.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.