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É médica oncologista do Hospital Santa Rita

O tempo passa, o risco aumenta: a prevenção do câncer de mama após os 60

É necessário derrubar os mitos de que a mulher idosa não precisa mais de rastreamento. Embora a recomendação oficial do Ministério da Saúde seja até os 69 anos, mulheres com mais de 70 anos  podem e devem continuar se beneficiando do exame

  • Virgínia Altoé Sessa É médica oncologista do Hospital Santa Rita
Publicado em 01/10/2025 às 10h30

O câncer de mama é uma das principais causas de morte por câncer entre mulheres em todo o mundo, e a segunda neoplasia mais comum na população feminina. Embora muitos casos da doença ocorram em pacientes mais jovens, a faixa etária de maior risco continua sendo após a menopausa. Estudos indicam que cerca de 60% dos casos ocorrem em mulheres com mais de 60 anos.

Recentemente, a senadora Damares Alves surpreendeu os seguidores de suas redes sociais ao anunciar que foi diagnosticada com câncer de mama. Aos 61 anos, a parlamentar contou que descobriu a doença precocemente, o que permitiu o início imediato do tratamento.

Esse caso reforça que a prevenção contínua é crucial, considerando o aumento da expectativa de vida e o risco elevado da doença com o avanço da idade.

A idade é um fator de risco não evitável de câncer de mama e outras neoplasias malignas, e como não podemos impedir a ação do tempo, é preciso intensificar os cuidados com a saúde e isso inclui os exames regulares. A realização habitual da mamografia, exame de rastreio mais eficaz para identificar o câncer de mama, é indispensável, especialmente após a menopausa.

E com o envelhecimento da população, torna-se ainda mais urgente garantir políticas públicas eficazes, acesso universal aos serviços de saúde, considerando as particularidades fisiológicas, emocionais e sociais dessa faixa etária.

E, nesse contexto, é fundamental promover ações de incentivo que estimulem o estilo de vida saudável e que levem informações relevantes sobre os sintomas suspeitos da doença para que essas idosas tenham autonomia e conhecimento necessários para buscar ajuda médica diante de quaisquer anormalidades.

Infelizmente, muitas mulheres com mais de 60 anos ainda acreditam que não precisam mais fazer exames de rotina, e desconhecem os princípios básicos de prevenção e autocuidado, por falta de conhecimento ou até mesmo de perspectiva.

O diagnóstico precoce continua sendo o principal aliado na redução da mortalidade e, por isso, a prevenção na terceira idade não pode ser negligenciada em nenhuma hipótese. Envelhecer com saúde é um direito, e isso inclui o acesso a exames, informação de qualidade e cuidado integral.

Câncer de mama, outubro rosa
Outubro Rosa. Crédito: Shutterstock

É necessário derrubar os mitos de que a mulher idosa não precisa mais de rastreamento. Embora a recomendação oficial do Ministério da Saúde limite o rastreamento sistemático até os 69 anos, mulheres com mais de 70 anos e boa condição de saúde podem e devem continuar se beneficiando do exame. Com o aumento da expectativa de vida, garantir a saúde mamária é essencial para promover uma longevidade com qualidade e autonomia.

Cuidar da mulher idosa é cuidar do futuro de todas nós, e ignorar a prevenção nessa fase significa perder a oportunidade de salvar vidas e promover o envelhecimento com dignidade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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