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É mestre em História pela Sorbonne Paris IV e professora de Relações Internacionais na Universidade Vila Velha (UVV)

O Hamas e a eterna opção pela guerra perdedora

Falsamente confortados pela compaixão mundial que o perdedor suscita, os palestinos alimentam o Hamas que por sua vez nunca aceitará uma solução pacífica e pragmática

  • Evelyn Opsommer É mestre em História pela Sorbonne Paris IV e professora de Relações Internacionais na Universidade Vila Velha (UVV)
Publicado em 24/05/2021 às 17h46
Conflito entre Israel e Palestina
Crianças em escombros após ataque israelense no conflito com o Hamas . Crédito: Kalil Hamra | AP | Estadão Conteúdo

Nas relações internacionais, a teoria realista nos ensina desde os primórdios da Historia que guerra deve ser vencida, caso contrário o perdedor arca com o preço da derrota, o que pode significar em caso extremo o seu desaparecimento. Já dizia Machado de Assis em "Quincas Borba": “Ao vencido, o ódio e a compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Não há duvidas que Israel desapareceria caso tivesse perdido uma das guerras desde 1948 ou se não reagisse agora às provocações dos palestinos. Há uma guerra civil entre israelenses e palestinos, e o Hamas, vale lembrar, não aceita a existência de Israel. Então não resta a Israel outra opção do que se defender e, de forma primordial, vencer.

Por outro lado, o vencedor costuma sofrer estigma de ... vencedor. Na nossa cultura humanista, e com o avanço das mentalidades progressistas, o vencedor é malvisto, é aquele que se torna opressor, egoísta e assassino.

Ora, estamos falando da única democracia plena da região, um Estado democrático de Direito onde instituições funcionam muito bem e onde o direito prevalece, especialmente os direitos humanos, inclusive dos próprios árabes que coabitam diariamente com israelenses judeus.

Do outro lado, nunca diremos suficientemente quão trágico foi o erro de cálculo dos palestinos e dos países árabes em 1948, quando se lançaram numa guerra que não teriam condições de ganhar. Ao optar pela alternativa bélica e ao perder todas as guerras, perderam a chance de ser um Estado soberano, um sonho irrealizável à medida que o tempo passou; e Israel não tem por que recuar e ceder território para o adversário que o agrediu.

Uma vez, ouvi uma frase muito triste de um senhor palestino da geração dos anos 1950: “Tenho medo de morrer e não ver o Estado palestino soberano”. E muito provável é que ele vá morrer sem ver o Estado palestino. Enquanto não aceitarem a existência de Israel, os palestinos continuarão enclausurados na ideologia totalitária do ódio a Israel, personificada pelo Hamas.

Falsamente confortados pela compaixão mundial que o perdedor suscita, os palestinos alimentam o Hamas que por sua vez nunca aceitará uma solução pacífica e pragmática. Quem aposta tudo nos métodos bélicos é o Hamas, que sai vencedor agora, mas só adia o sonho da causa palestina. Israel usa força desproporcional pois precisa vencer um inimigo que não hesitaria a tirar os judeus do oriente próximo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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