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"Quando os boom acabam, aí a gente sai", diz capixaba em Israel

"Quando os boom acabam, aí a gente sai", diz capixaba em Israel

Capixaba trabalha como cuidadora de crianças e contou sobre a vida no país nesses dias de conflito; explosão chegou a acontecer a 80 metros do prédio onde mora

Publicado em 17 de maio de 2021 às 15:50

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Capixaba trabalha no país como cuidadora de crianças contou sobre a rotina durante conflito
Capixaba trabalha no país como cuidadora de crianças contou sobre a rotina durante conflito. (Reprodução/TV Gazeta)
Mario Bonella
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Uma brasileira que mora em Israel contou sobre a rotina no país nos últimos dias com o conflito entre israelenses e palestinos na região da Faixa de Gaza. A capixaba Rita de Cássia Volpine trabalha como cuidadora de crianças no país do Oriente Médio. Uma explosão aconteceu a alguns metros da casa dela nesse domingo (16).

"Tem bomba caindo ao lado da minha casa. Ontem, por volta das 14 horas, foi terrível. Eu saí para caminhar, fiz a volta no quarteirão, quando voltei passei pelo local onde pego o ônibus todos os dias para ir para o trabalho. Exatamente 20 minutos depois que eu cheguei em casa, o míssil caiu", contou em entrevista à TV Gazeta.

A brasileira fez imagens da vizinhança após a explosão e relatou como ela se protege durante o período de conflito. Segundo Rita, uma explosão aconteceu a cerca de 80 metros do prédio onde mora e as janelas ficaram destruídas.

Trecho de vídeo feito pela brasileira após explosão em Israel
Trecho de vídeo feito pela brasileira após explosão em Israel. (Reprodução/TV Gazeta)

"O barulho foi muito grande, as janelas dos prédios foram todas destruídas. Foi a 80 metros, filmamos o que podia filmar, pois a polícia não deixava chegar mais perto devido à segurança dos prédios, que poderia cair alguma coisa. O bunker é uma sala que existe em cada prédio que é revestida com um material específico para isso, pois quando a bomba explode ou o prédio cai, este bunker é protegido. A gente desce lá e fica sentado até o 'boom' acabar. Quando os 'boom' acabam, aí a gente sai", contou.

Rita explicou como os moradores da região agem nesses momentos. Ela explicou que uma sirene sinaliza aos moradores quando vão ocorrer as explosões. A solução é procurar abrigo em um bunker.

"Tocou a sirene, nós fomos para o bunker e houve uma explosão muito forte. Eu dei um grito espontâneo, sem pensar. Quando passou, nós saímos e meu filho foi ver onde caiu e ajudar alguém. A polícia já havia cercado", disse.

O ESTOPIM

A violência entre israelenses e palestinos começou no início do mês, em Jerusalém, quando moradores árabes do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, que fica fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém, protestaram contra tentativas de serem retirados de suas casas e também após a polícia de Israel impedir a entrada na Mesquita de Al-Aqsa nos últimos dias do Ramadan, local e mês sagrados para os muçulmanos.

A área em que hoje vivem as famílias é reivindicada por grupos de colonos judeus em tribunais israelenses. Há décadas israelenses têm ocupado áreas habitadas por palestinos por meio de assentamentos, tanto em Jerusalém Oriental quanto na Cisjordânia. Só nesta última, são cerca de 430 mil colonos israelenses distribuídos entre 132 assentamentos.

Conflito entre Israel e Palestina
As forças israelenses voltaram a bombardear a região durante a madrugada após uma semana de conflitos com o Hamas que já deixou quase 200 mortos. (Kalil Hamra | AP | Estadão Conteúdo)

Essas colônias são consideradas ilegais pela lei internacional. Em pelo menos seis ocasiões desde 1979 o Conselho de Segurança da ONU reafirmou que elas são "uma violação flagrante da legislação internacional". A última delas foi em 2016 - o documento oficial também menciona Jerusalém Oriental.

Já Israel defende as iniciativas argumentando que se trata de uma estratégia de defesa de sua integridade, e não uma tentativa de tomada da soberania palestina.

Esse é um dos pontos mais contenciosos das negociações de paz na região e ajuda a explicar porque o atual conflito era inevitável, segundo o editor da BBC para o Oriente Médio, Jeremy Bowen.

O fato de o conflito ter desaparecido das manchetes internacionais nos últimos anos, diz ele, não significa que tenha acabado. É uma ferida aberta no coração do Oriente Médio, que gera ódio e ressentimento que atravessa não apenas os anos, mas gerações.

*Com informações do G1 e da TV Gazeta

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