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É diretora pedagógica da Escola Americana de Vitória

Novo Ensino Médio: estamos preparados para as mudanças?

Acreditamos que envolver os jovens nas decisões da escola pode ser parte de uma proposta inovadora

  • Rachel Braun É diretora pedagógica da Escola Americana de Vitória
Publicado em 09/11/2022 às 02h00

Em uma pesquisa denominada Nossa Escola em (Re) Construção, apresentada na principal plataforma brasileira de conteúdos sobre inovações educacionais Porvir, os jovens de diferentes regiões do país expressaram seus sonhos e preocupações em relação ao Novo Ensino Médio. Além dos conteúdos de química, física e biologia, entre outros, eles esperam ajuda para descobrir suas vocações e orientações para realizar suas escolhas de vida. Também afirmam que o Novo Ensino Médio deve contemplar assuntos que lhes orientem quanto à escolha de faculdades, à preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e para os vestibulares.

A pesquisa ouviu 258.680 jovens de 11 a 21 anos e indicou como eles gostariam que fossem os ambientes educacionais dos seus sonhos. Esperam que a escola os prepare para o Enem, para os vestibulares e para realizar os seus projetos de vida. Que os ensine a mediar conflitos e que lhes permita participar das decisões escolares. Levantaram a questão da depressão, que tem afastado muitos jovens da sala de aula, e a pressão exercida, inconscientemente, pelas escolas em relação aos exames e provas, que traz uma cobrança psicológica excessiva.

A fala dos estudantes deixa claro que não querem somente uma boa infraestrutura, mas também um ensino conectado com as necessidades e oportunidades do século XXI, com atividades práticas e com interação com a comunidade.

As tendências das escolas de sucesso, tanto nacionais quanto internacionais, têm sido colocar o aluno como protagonista do próprio aprendizado, o professor como mediador, além de adotar, com maior ou menor intensidade, o uso de tecnologia.

Mas, estamos preparados para estas mudanças?

Acreditar nos alunos é a recomendação de Michael de Souza, diretor da escola de design Leadership Public School na Califórnia, para que sejam bem-sucedidos. Envolver alunos em atividades práticas é a filosofia da High Tech High, rede de escolas charter (pública com administração privada), também localizada na Califórnia.

Acreditamos que envolver os jovens nas decisões da escola, manter o diálogo em uma relação próxima com eles, professores, diretores e pais apresentarem altas expectativas com relação a eles, pode ser parte de uma proposta inovadora. Nesse sentido, as orientações curriculares da Base Nacional Comum Curricular para o Novo Ensino Médio estão de acordo com as novas tendências internacionais da educação.

Jovem em sala de aula
É necessário utilizar novas metodologias para que os alunos se sintam protagonistas e participem da construção do próprio aprendizado. Crédito: ijeab/Freepik

O currículo do Novo Ensino Médio está dividido em 2 partes: A Formação Geral Básica - FGB, cuja finalidade é assegurar as aprendizagens essenciais (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e preparar os alunos para ter sucesso em importantes exames de seleção e os Itinerários Formativos – parte flexível do currículo, que objetiva o desenvolvimento da investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural e empreendedorismo.

O modelo educacional de repetição de conhecimentos, que ainda é vigente em muitas escolas, já não serve para formar cidadãos com as habilidades e as competências necessárias para o mercado de trabalho atual.

Se faz necessário estruturar grupos de trabalho coletivos incluindo pais e alunos, além dos profissionais da educação para a busca de novas soluções para antigos problemas. Utilizar novas metodologias para que os alunos se sintam protagonistas e participem da construção do próprio aprendizado.

Nesse sentido a implantação adequada da BNCC é essencial para a renovação curricular ocorra na educação básica brasileira, sendo pautada em altas expectativas de aprendizagem, que promova a criatividade, a inovação, a resiliência, a colaboração, a curiosidade científica, permitindo aos alunos concretizar suas metas, seus sonhos e projetos de vida.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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