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É escritor, doutor em Ciências da Religião, professor e pastor

Nazifascismo e monstruosidade no Espírito Santo

A loucura do nazismo ainda nos ronda. Portanto, não seria nada razoável subestimar o avanço dessa monstruosidade

  • Kenner Terra É escritor, doutor em Ciências da Religião, professor e pastor
Publicado em 06/12/2022 às 16h41

Estamos todos consternados com os ataques às escolas do bairro Coqueiral de Aracruz. Essa tragédia toca-me diretamente. Sou aracruzense, estudei no Pitágoras, onde hoje funciona o Centro Educacional da Praia de Coqueiral, e Thais, que também foi atingida e está em recuperação, é filha de amigos de infância. Estamos em oração e súplica por ela, os demais feridos e familiares.

Entre tantas outras coisas, algo tenebroso desse episódio de terror é a presença do símbolo nazista na roupa do atirador e a publicação de “Mein Kampf” (“Minha Luta”), obra de Adolf Hitler, no Instagram do pai do suspeito confesso. Precisamos lembrar que, há menos de cem anos, o Brasil tinha, fora da Alemanha, o maior partido nazifascista do mundo. As homenagens à família Rocha Miranda no Rio de Janeiro, conhecida pelo uso de crianças em trabalho escravo e envolvimento com o "fascismo à brasileira", confirmam o tipo de memória cultural que preservamos.

Ademais, não podemos esquecer da nossa história recente marcada por projetos eugenistas. No entanto, essa bestialidade não foi sepultada no passado. Há pouco menos de dois meses, por exemplo, pintaram símbolos nazistas na Rua José Pena Medina em Vila Velha. Em Contagem, região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), a Escola Municipal José Silvino Diniz foi depredada e suas paredes pichadas com suásticas e homenagens a Hitler.

A pesquisadora Adriana Abreu Magalhães Dias, especialista em monitoramento de grupos radicais, afirma que há redes nazistas em 298 cidades brasileiras, sendo Santa Catarina o epicentro desse movimento com 320 células em funcionamento. Tais organizações promovem o ódio e ataques a negros, judeus, nordestinos e às pessoas consideradas menos dignas por razões raciais, étnicas ou de gênero.

A despeito do assassino ter usado a suástica em seu uniforme, não é possível afirmar que os atentados às escolas capixabas tenham relação direta com movimentos radicais. No entanto, como sabemos, linguagem funda mundos e os símbolos revelam a alma de uma sociedade. Certamente, e as últimas notícias confirmam isso, a loucura do nazismo ainda nos ronda. Portanto, não seria nada razoável subestimar o avanço dessa monstruosidade em nosso país.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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