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É médica veterinária, especialista em gatos e membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFEL) e da American Association of Feline Practitioners (AAFP)

Março Amarelo: um alerta para doença renal em gatos

Estima-se que cerca de 30% dos gatos com mais de 15 anos sejam afetados. No entanto, é importante salientar que a doença renal pode acometer gatos jovens a partir dos cinco anos

  • Polyana Paixão É médica veterinária, especialista em gatos e membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFEL) e da American Association of Feline Practitioners (AAFP)
Publicado em 13/03/2025 às 13h41

Neste ‘Março Amarelo’, mês dedicado à conscientização sobre a saúde renal, abordo um tema de extrema relevância para os tutores de felinos, a Doença Renal Crônica (DRC) em gatos. Como médica especialista, testemunho diariamente os desafios que ela impõe tanto aos animais quanto aos tutores. A doença tem quatro estágios (I, II, III e IV) e três tipos: crônica, aguda ou nefrite, tópicos para outra conversa.

A Doença Renal Crônica, no último estágio e mais grave, tanto na forma crônica como aguda, é progressiva e irreversível, comprometendo a capacidade dos rins de filtrar o sangue adequadamente. Estima-se que cerca de 30% dos gatos com mais de 15 anos sejam afetados. No entanto, é importante salientar que a doença renal pode acometer gatos jovens a partir dos cinco anos, idade que já requer atenção para exames preventivos regulares.

A progressão da doença é classificada por esses quatro estágios, determinados principalmente pelos altos níveis de creatinina no sangue. A detecção precoce é a melhor forma de retardar a progressão, por meio de exames de sangue que avaliam ureia e creatinina, pois, quando os rins falham, a filtragem do sangue é comprometida, levando ao acúmulo de toxinas.

Um dos grandes desafios de médicos veterinários e tutores é identificar a doença que, além de silenciosa, é mascarada pelos gatos. Eles são mestres em esconder sintomas; mesmo comendo, brincando e bebendo água normalmente, o rim pode já estar lesionado, e o tutor não percebe, pois o gato age como sempre.

E a cada dia sem diagnóstico, ocorre a morte progressiva das células renais, acumulando danos que culminam na manifestação clínica da doença. Frequentemente, quando os sintomas aparecem, a DRC já está em estágio avançado.

Os sintomas mais comuns incluem perda de apetite, vômitos, diarreia, perda de peso, fraqueza, aumento da ingestão de água (polidipsia), aumento de urina (poliúria), halitose (mau hálito), hipertensão arterial, entre outros, além de condições como cardiopatias, diabetes, hipertensão e obesidade, que podem agravar o quadro. Os cuidados, dependendo do estágio, incluem tratamentos como fluidoterapia subcutânea e, se necessário, diálise para auxiliar a função renal e eliminar toxinas.

A importância da saúde urinária para o bem-estar de gatos e cães
A importância da saúde urinária para o bem-estar de gatos e cães. Crédito: Divulgação

Repito: quanto mais elevados os níveis de ureia e creatinina, mais grave o estágio da doença. Ou seja, a prevenção e o manejo correto podem reverter o quadro com alimentação balanceada, adequada à idade e condição do gato, água fresca e limpa sempre disponível, e check-ups anuais para gatos jovens e semestrais para os mais velhos, com exames laboratoriais preventivos.

A atenção aos mínimos sinais pode ser a diferença entre uma vida longa e saudável ou o sofrimento silencioso de uma doença devastadora. E, neste momento de conscientização, reforço meu apelo, não subestimem a importância do diagnóstico precoce. Nossos bichanos merecem todo o cuidado, amor e vida longa.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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