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É professora de Língua Portuguesa na rede particular de ensino

Mais espaço para mulheres na política não é derrota para os homens

Apesar de o número de parlamentares femininas crescer a cada ano, as mulheres ainda são vítimas de misoginia nesses espaços predominantemente masculinos

  • Emanuelly Valente É professora de Língua Portuguesa na rede particular de ensino
Publicado em 24/05/2022 às 13h01

Já ouviu a palavra “representatividade”? Ela, sem dúvidas, vem ganhando cada vez mais espaço no Instagram, Twitter, nos programas de televisão de entretenimento – como o Big Brother Brasil –, nos debates sociais dentro das escolas e na política. Ela consiste, dentro das Ciências Humanas e na prática, em representar determinado grupo de pessoas, que podem variar em gênero, cor, religião, etnia ou, até mesmo, opinião.

Um exemplo claro que pode ajudar a entender esse conceito aplicado é o fato de que mulheres nunca foram muito bem representadas no âmbito parlamentar. Pode pesquisar: o primeiro banheiro feminino na Câmara do Plenário brasileiro foi construído em 2015, depois de uma vitória – logicamente – da Bancada Feminina do Senado.

Essa falta de representatividade (não só das mulheres, diga-se de passagem) faz com que políticas públicas efetivas a favor da qualidade de vida e bem-estar das mulheres sejam inexistentes ou, se existirem, difíceis de se consolidarem na prática, afinal, quem criará leis e fará a fiscalização destas, se não há um grupo notável das pessoas amparadas por elas?

No ano de 2020, houve duas mulheres eleitas entre os 15 vereadores de Vitória. Em 2018, elegemos a primeira vice-governadora da história do Espírito Santo. Ou seja: apesar de conquistas, não há representatividade feminina expressiva no lugar onde foi construído para representar o povo. O resultado disso é, infelizmente, a intolerância e misoginia contra as poucas que estão lá.

Na última semana, a vereadora Karla Coser (PT) publicou um vídeo nas redes sociais protestando o fato de que ela foi insultada de “analfabeta funcional”, “mimada” e, então, um vereador teria oferecido uma mamadeira a ela. Como se não bastasse e de modo mais grave, a vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), foi chamada de “vira-lata” e “delinquente”

O que acontece com essas mulheres é um retrato social do que acontece com todas nós diariamente; nesse sentido, infelizmente, a representatividade existe. Ao ocuparmos lugares de destaque, uma onda de movimentos contrários tenta nos desestabilizar ou deslegitimar nossa posição conquistada, afinal de contas, nenhum grupo dominante quer ceder espaço para aquele que está em ascensão.

Tudo é poder. E o poder sempre esteve, na política, sob dominação masculina. Ceder espaço parece, para eles, sinônimo de derrota. Entretanto, é preciso entender que, ao verem as mulheres ganhando espaço e conquistando cada vez mais seus direitos na prática, não quer dizer que eles perderão direito algum; e uma nação onde há equidade automaticamente será mais desenvolvida.

No mais, a perspectiva de futuro sempre tem de ser de esperança. O número de mulheres parlamentares segue crescendo, cada vez mais elas ocupam posições políticas jamais vistas e, logo, todo o corpo social conspirará para que todos os grupos que jamais foram visibilizados usufruam desse nome que fazem de tudo para apagar, mas que sua força deve ser aquela que a faz ser e acontecer: representatividade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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